quarta-feira, dezembro 31, 2003

FELIZ 2004

O ano 2003 que agora termina foi atribulado, em todos os sentidos, tanto a nível nacional, como internacional. Fomos apanhados por uma crise económica, que teve e continua a ter custos sociais e levámos com um bombardeamento de casos de pedofilia, dos quais se destaca o da Casa Pia. A nível externo, assistimos à Guerra do Iraque, tal e qual como se tratasse de um série televisiva... O ano termina com uma catástrofe no Irão, que representa uma espécie de síntese do ano 2003. Claro que também houve acontecimentos positivos, mas que não chegaram para contrariar um ano, globalmente, negativo.
Assim, é com espírito optimista, que desejo a todos, em especial aos que têm o hábito de visitar este blogue, um ano 2004, onde as alegrias superem as tristezas, e onde nas casas de cada um, possam haver paz, amor, trabalho e saúde...
Um abraço.

BALANÇO: prémios internacionais de 2003

Em relaçãoo às personalidades e acontecimentos que se destacaram, positiva e negativamente, em 2003 aqui deixo os seguintes prémios:
- a vedeta do ano: George W. Bush
- o bobo do ano: Michael Jackson
- o esforçado do ano: Papa Karol Woityla
- o aliviado do ano: Vladimir Putin
- o veterano do ano: George W. Bush
- o caloiro do ano: Arnold Schwarzenegger
- o coerente do ano: Lula da Silva
- o incoerente do ano: Gehrard Schroder
- o premiado do ano: George W. Bush
- o derrotado do ano: Saddam Hussein
- a surpresa do ano: Arnold Schwarzenegger
- o desastre do ano: a Guerra do Iraque
- a alegria do ano: o "fim" da Guerra do Iraque
- a angústia do ano: o sismo no Irão
- a palavra do ano: a guerra
- a imagem do ano: a captura de Saddam

terça-feira, dezembro 30, 2003

BALANÇO: prémios nacionais de 2003

Em relação às personalidades e acontecimentos que se destacaram, positiva e negativamente, em 2003 aqui deixo os seguintes prémios:
- a vedeta do ano: Manuela Ferreira Leite
- o bobo do ano: Ferro Rodrigues
- o esforçado do ano: Durão Barroso
- o aliviado do ano: Paulo Portas
- o veterano do ano: Marcelo Rebelo de Sousa
- o caloiro do ano: Manuel Monteiro
- o coerente do ano: Rui Teixeira
- o incoerente do ano: Bibi
- o premiado do ano: José Mourinho
- o derrotado do ano: Carlos Cruz
- a surpresa do ano: a blogosfera
- o desastre do ano: o caso Casa Pia
- a alegria do ano: os Rolling Stones em Portugal
- a angústia do ano: os incêndios de Verão
- a palavra do ano: o déficit
- a imagem do ano: a "cabeça baixa" de Paulo Pedroso

segunda-feira, dezembro 29, 2003

BALANÇO: as personalidades internacionais de 2003

No balanço das personalidades internacionais deste ano que finaliza, penso que será lógico optar por aquelas que foram mais faladas, tanto positiva, como negativamente. Sendo assim, escolho como personalidade do ano, pela controvérsia que suscitou, o Presidente dos E.U.A., George W. Bush. As decisões (boas ou más) que tomou, sobretudo a da guerra contra o Iraque, desbravaram o caminho que o mundo teve que seguir (por livre opção ou por arrastamento), abrangendo sobre si millhões de vozes contra e outras tantas a favor.
O ano de 2003 foi centrado, internacionalmente, pelo conflito do Iraque e pela luta contra o terrorismo, e, quer se queira ou não, se em 2001 foi Bin Laden que tomou conta das "consciências" mundiais, desta vez, foi Bush, com o apoio de Blair e seus aliados, que orientou o caminho da luta contra o terrorismo.
Por razões diversas da anterior, destaco o Papa Karol Woytila, pela sua demonstração de coragem e luta, na procura de um mundo mais justo, equilibrado e pacífico, encarnando ele próprio a imagem de que o mundo não se deve vergar pelas dificuldades surgidas, quaisquer que elas sejam... A solidez intelectual do Papa, vergada a uma imagem física decadente e fraca, surge como uma espécie de resposta àqueles que pensam que o mundo deve fraquejar ao mínimo obstáculo que surja. Pode ser que este seja o sinal que faça o mundo despertar para a necessidade de lutar contra todas as formas malignas que pairam sobre o nosso planeta, desde o terrorismo, as guerras, a fome, a pobreza, a poluição, entre outras...

domingo, dezembro 28, 2003

BALANÇO: as personalidades nacionais de 2003

As personalidades mais importantes do ano de 2003, em Portugal, estão directamente relacionadas com o acontecimento que dominou os noticiários e as conversas dos portugueses: o escândalo da Casa Pia. Na minha opinião, duas personalidades destacaram-se pela positiva como impulsionadores de uma nova forma de pensar a justiça: a jornalista Felícia Cabrita e o juíz Rui Teixeira. Escolho estas duas personalidades como as referências nacionais de 2003, pois graças a elas, o país pôde, finalmente, pensar que o jornalismo e a justiça podem servir, efectivamente, para investigar pessoas que, pela posição vantajosa que têm na vida, poderiam-se considerar imunes à lei geral...
Lembremo-nos que foi graças à reportagem jornalística da jornalista Felícia Cabrita, do semanário Expresso, que a Polícia Judiciária e o Ministério Público começaram a investigar a alegada rede de pedofilia da Casa Pia, envolvendo personalidades conhecidas ao ní­vel do espectáculo e da polí­tica. Por outro lado, temos que considerar que a postura do juí­z Rui Teixeira ao longo de todo o processo de investigação do caso da Casa Pia (concordemos ou não com essa postura) levou a que a população portuguesa, finalmente, pudesse pensar que a justiça é igual para todos.
Mesmo sem sabermos como é que ao longo de 2004 se vai desenrolar o processo da Casa Pia, não podemos ignorar que, devido à actuação da jornalista Felí­cia Cabrita e do juíz Rui Teixeira, desenvolveram-se na população portuguesa uma nova forma de encarar a pedofilia e uma nova esperança de que se cumpra a justiça, independentemente, das pessoas que ela possa atingir...

sábado, dezembro 27, 2003

BALANÇO: o(s) acontecimento(s) internacional(ais) de 2003

O ano de 2003 foi pautado, a nível internacional, pela guerra que os E.U.A. e seus aliados infligiram ao regime de Saddam Hussein. Este acontecimento, com todas as suas vicissitudes, pode ser considerado numa dupla vertente: a positiva e a negativa. Positiva, porque a Guerra do Iraque veio demonstrar ao mundo que, felizmente, existe uma Nação que, a mal ou bem, tenta combater de todas as formas possíveis esse "monstro" silencioso e oculto que dá pelo nome de terrorismo. Numa perspectiva negativa, a guerra do Iraque veio alertar-nos que a ONU é, actualmente, uma organização que não tem força suficiente para garantir aquilo para o qual foi criada: a paz no mundo. Claro que ninguem gosta de guerras, sobretudo quando vidas inocentes são ceifadas, mas quando a via dialogante não dá resultados que alternativas existem?
A guerra que os E.U.A. estão a travar contra contra o terrorismo e o facto de Portugal ter tido uma actuação firme e responsável ao lado daqueles que querem um mundo mais pacífico e justo, vem confirmar que Portugal está do lado dos bons e não do lado dos mudos e calados, como no tempo do Salazar. Felizmente...

sexta-feira, dezembro 26, 2003

BALANÇO: os acontecimentos nacionais de 2003

Durante 2003, três assuntos dominaram a opinião pública portuguesa: o caso Casa Pia, a crise económica que tomou conta dos bolsos das famílias portuguesas e os inúmeros incêndios florestais deste Verão.
Considero como acontecimento positivo do ano a investigação levada a cabo pela jornalista Felí­cia Cabrita, do semanário Expresso, que desencadeou a investigação, pela Polícia Judiciária, da rede de pedofilia da Casa Pia. Fica mais uma vez provada a importância cada vez maior da comunicação social na denúncia de situações escandalosas, e que de outra forma, provavelmente, nunca viriam a lume.
O acontecimento negativo do ano foi, quanto a mim, a incapacidade que o Governo de Durão Barroso demonstrou em conter a chamada "obsessão" do déficit orçamental. De facto, acho que o Governo não conseguiu fazer ver ao país a importância de equilibrar as contas públicas, originando um clima de desânimo e de falta de confiança. A par desta situação, considero a época anormal de incêndios deste Verão um acontecimento que também desanimou em muito a população portuguesa.

quarta-feira, dezembro 24, 2003

FELIZ NATAL

Ontem não escrevi nada neste humilde blogue, pois a minha esposa foi atropelada, tendo, por isso estado todo o dia no hospital à espera de notícias dela. Felizmente, tudo correu bem e já está em casa, necessitando apenas de repouso.
Quero desejar a todos aqueles que fazem deste blogue um fórum de ideias e a todos aqueles que costumam vir aqui, mesmo sem deixarem a sua opinião, um FELIZ NATAL. Um abraço especial a todos aqueles que, hoje à noite, por razões diversas, não vão poder estar junto das suas famílias: médicos, enfermeiros, bombeiros, agentes da segurança, funcionários públicos, e muitos outros...

segunda-feira, dezembro 22, 2003

A esquerda de boca fechada...

Ontem ficámos a saber que, por influência dos E.U.A. e do Reino Unido, a Líbia renunciou aos seus programas de armas de destruição maciça (ADM). Uma declaração oficial do regime de Muammar Kadhafi referiu a disponibilidade do país em "respeitar todos as convenções, incluindo o protocolo adicional ao Tratado de não-proliferação nuclear e declara-se pronto a receber todas as missões de inspecção internacionais".
Ora, ainda não vi nenhuma referência a esta notícia por parte daqueles que se julgam os "pensadores" da esquerda portuguesa. Por onde andam Mário Soares, Vital Moreira, Boaventura Sousa Santos, Cáceres Monteiro, Francisco Louçã, Fernando Rosas e muitos daqueles que aproveitam qualquer ocasião que lhes convém para criticarem a acção da Administração Bush ou do Governo de Blair? E o blogue de esquerda ou o país relativo ficaram calados, porquê? Não lhes convém comentar a notícia?

A contracepção e o aborto

Retomando o tema do aborto, não no termo ético-moral (pois neste aspecto penso que é mais do que clara a condenação do aborto), há um facto novo que permite demonstrar que a prática do aborto é, efectivamente, um acto de desleixo e de desresponsabilização por parte das pessoas que o cometem.
Reparem nos seguintes dados revelados pelo Público de hoje: em 2001, os gabinetes de planeamento familiar efectuaram mais de 740 mil consultas, contra cerca de 440 mil em 1990; em 2002 foram entregues, nos gabinetes de planeamento familiar cerca de 7,6 milhões de embalagens de pílulas convencionais; no ano passado foram vendidas mais de 140 mil embalagens de pí­lulas do "dia seguinte"; em 2003, cerca de 80% das mulheres em idade fértil usaram alguma forma de contracepção.
Ficamos assim a saber que a grande maioria dos casais portugueses está devidamente informada sobre a forma de evitar a gravidez e que, grosso modo, só engravida quem quer... Ainda por cima, com tantas mulheres que gostariam de engravidar e o não conseguem por razões biológicas, é no mí­nimo, revoltante ver mulheres que ao engravidarem, optam por negar esse privilégio...
Ora, se nos últimos anos se verificou em Portugal um avanço visível na forma de encarar a contracepção pela maior parte dos portugueses, porque razão é que aqueles que são a favor da despenalização do aborto ainda pensam de forma arcaica, como se Portugal ainda vivesse num tempo em que evitar a gravidez era impossível. Aí­ sim, os seus argumentos ainda poderaim ser considerados, mas, num tempo em que a forma de encarar a gravidez não pára de evoluir, os pró-despenalizadores do aborto parecem ter parado no tempo!
Quanto ao argumento da livre escolha que deve ser cometida à mulher como "dona" do seu corpo, remeto os apoiantes desta ideia para o meu anterior post... É bem elucidativo da forma como os apoiantes da despenalização do aborto encaram os conceitos da liberdade e do amor!

domingo, dezembro 21, 2003

O cúmulo da hipocrisia...

Ao folhear o Público de hoje deparei-me com um título, cujo conteúdo me deixou envolto numa aura de indignação. A culpa foi desta ínfame afirmação: "As mulheres que abortam fazem-no por amor" .
Ora, a notícia é sobre uma recolha de assinaturas que decorreu ontem no Porto com o objectivo de levar à realização de uma nova consulta popular sobre o aborto. Os mandatários desta petição dizem barbaridades do género: "as mulheres que abortam fazem-no por amor e a pensar na dignidade daquela criança que está a ser gerada no seu ventre".
Pergunto-me, como é possível chegar-se ao ponto de, em nome da defesa da liberdade do aborto, se utilizarem argumentos tão idiotas, miseráveis e desprezíveis? Ao menos, estas barbaridades, têm a virtude de mostrar à sociedade o que passa pela cabeça das pessoas que defendem a despenalização do aborto, ou seja, a sua efectiva banalização...

sábado, dezembro 20, 2003

Uma boa notícia...

Hoje vale a pena comprar e ler o Expresso, só por causa da notícia que dá como certo o avanço de Cavaco Silva a Belém. É o que se diz começar o dia com o pé direito...

A crítica fácil...

Tenho lido nalguns blogues referências negativas à ida de Durão Barroso ao casamento da filha do Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos. Em relação a esta matéria, qualquer que fosse a postura do Primeiro-Ministro português, os anti-Durão aproveitariam para, mais uma vez, "cascar" no homem.
Se não fosse a Angola, os críticos deste Governo diriam que Angola já não tem consideração, nem respeito por Portugal. Ao ir criticam Durão de estar a ser complacente com um ditador.
Só um reparo aos que dizem que o Presidente Angola é um ditador: Angola não tem um regime ditatorial! Pode-se sim criticar a actuação de Eduardo dos Santos como Presidente... E, pode ser até que Durão aproveite o encontro com Eduardo dos Santos para o chamar a atenção para essa situação...

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Mais um exemplo da nossa (in)justiça...

Ao mesmo tempo que se realiza o 1º Congresso da Justiça, tão propagandeado, surge mais um exemplo escandaloso de como a nossa Justiça (não) funciona. Desta vez, foi mais um exemplo de um advogado, dito de renome e de prestígio, que se aproveitou dos chamados procedimentos dilatórios, previstos na lei, para emperrar, à vista de todos, o normal desenrolar da Justiça. E, não me venham dizer que estes procedimentos, por estarem previstos na lei, são utilizados de boa fé. É que não o são e, só o não vê quem não quer...
Ora, gostava de saber, porque é que a (des)Ordem dos Advogados não actua com este tipo de advogados, que "gozam" ostensivamente com o funcionamento da nossa Justiça. Aliás, seria bom que alguém "puxasse as orelhas" ao Bastonário das Advogados, por este falar tanto, mas fazer muito pouco...

Contra-informação no Congresso da Justiça

Por estes dias está a decorrer em Lisboa o 1º Congresso da Justiça, com a presença dos principais intervenientes da justiça, desde juí­zes, advogados, solicitadores, procuradores, entre outros. Esta será mais uma feira de vaidades, recheada de discursos feitos em casa e, onde no final, todos dirão que os objectivos foram cumpridos e que a justiça sairá a ganhar...
Mas, neste Congresso houve algo que revela que a informação pode muitas vezes ser deturpada, mesmo pelos agentes que, em princí­pio, não o deveriam fazer: os agentes da Justiça. É que ontem foram apresentados os resultados de um inquérito, como se estes tivessem alguma base científica. Este inquérito foi da autoria de Célia Costa Cabral, professora de Economia na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e teve a anuência dos organizadores do Congresso para fazer ver à sociedade que a situação da justiça é causadora do reduzido crescimento económico português. Diz a autora, citada pela TSF que "se a justiça portuguesa funcionasse bem, as empresas aumentariam 9,9% no investimento, criariam mais 6,9% de emprego e o PIB poderia crescer 0,2%, ou seja, a taxa de crescimento aumentaria 11%".
Ora, como se é permitido que num Congresso que deveria reger-se pelos princí­ios da honestidade e da informação correcta virem com afirmações assentes em simples inquéritos feitos a 2700 empresas, cujas respostas são baseadas em meros estados de espírito e suposições dos empresários?
Seria bom que o Bastonário dos Advogados, pelo menos desta vez, não tivesse ido atrás da desinformação...

quinta-feira, dezembro 18, 2003

A defesa de que honra?

Tenho estado a assistir, através da SIC Notícias, ao debate mensal que ocorre na Assembleia da República entre o Governo e os deputados. Como sempre, também desta vez, ocorreram uns incidentes entre as bancadas parlamentares da esquerda e da direita, que, sob pena de demonstrarem alguns tiques de irresponsabilidade por parte de alguns deputados, têm a vantagem de tornarem o debate menos discursivo e mais expontâneo.
No entanto, há algo que me irrita cada vez que vejo estes debates. É o facto de, sempre que o debate não corre bem para algum dos partidos, o seu líder parlamentar ou outro deputado mais conhecido vir afirmar que pretende defender a sua honra, servindo-se deste subterfúgio para falar um pouco mais, vitimizando-se ou atacando o seu interlocutor. Desta vez, foram António Costa e Ferro Rodrigues que se queixaram, utilizando o pretexto da defesa da honra para deitarem mais umas "achas" para a fogueira (desta vez, atacando o deputado Pedro Duarte e o PP). Claro que quando o PSD estava na oposição, o aproveitamento desta regra processual era feito por deputados do PSD.
Não seria tempo de se alterarem radicalmente as regras que norteiam estes debates? É que estes parecem-se cada vez mais com autênticas feiras de vaidade, muitas vezes a roçarem a comédia e a falta de educação...

quarta-feira, dezembro 17, 2003

Ora toma...

Depois dos sportinguistas terem "massacrado" os benfiquistas quando o clube da Luz perdeu com o Beira Mar na estreia do seu novo estádio, agora chegou a vez dos adeptos do Sporting experimentarem o "sabor" de uma derrota no novo estádio, ainda para mais com uma equipa da 2ª Liga de Honra e num jogo a contar para a Taça de Portugal. O Natal aproxima-se...

Chover no molhado...

Ferro Rodrigues afirmou hoje que o PS vai apresentar um projecto de lei para despenalizar o aborto. Ora, esta pseudo-novidade revela que o PS tenta aproveitar-se ao máximo da questão do aborto para fazer guerrilha política. De facto, depois do PSD ter vindo anunciar que não se encontra disponível para mudar a actual moldura penal do aborto sem que se realize uma consulta popular (referendo), por forma a respeitar a opinião da maioria da população portuguesa, revela, no mínimo pouco sentido de Estado vir dizer que se quer alterar a actual disposição penal do aborto, sobretudo porque um caso em Aveiro está a suscitar o interesse da comunicação social portuguesa.
Depois, há que tomar sentido no facto de Ferro Rodrigues ter vindo dizer que o diploma do PS teria como base de trabalho o projecto de lei que foi apresentado pela Juventude Socialista em 1998, que previa a despenalização do aborto se praticado nas primeiras dez semanas de gravidez. Ora, se esse projecto de lei já foi rejeitado há cinco anos, que sentido faz "chover no molhado"?
O PS, por vezes, faz lembrar o BE, que a toda a hora se tenta aproveitar de casos mediáticos para se fazer aparecer na comunicação social.
Nesta matéria do aborto, volto a frisar que não me choca que se altera a moldura penal da prática do aborto, de três anos de prisão para o cumprimento de um acto cívico de auxílio à comunidade ou qualquer outra pena que não seja de prisão. O que me choca é que se tente, simplesmente, liberalizar a prática voluntária e assumida da destruição de um ser humano, banalizando tal acto.
A vontade da maioria daqueles que há uns anos quiseram dar a sua opinião, em referendo, acerca da despenalização do aborto, deve ser respeitada. Não podemos estar a "toda a hora" a realizar referendos sobre a mesma questão até que a opinião da população seja do agrado daqueles que se dizem contra esta lei do aborto. Isso seria desvirtuar a legitimidade do referendo.
Por isso, há que respeitar a lei vigente e, mais do que isso, fazê-la cumprir. Os juízes, certamente, farão de sua justiça. Aliás, não me lembro de nenhum caso em que uma mulher, por ter cometido o aborto, tivesse ido parar à prisão por tal atitude, mas, também não sei de nenhuma situação em que o tribunal se tenha decidido pela total absolvição daquelas que cometeram tal barbaridade...

Finalmente, o último!

Hoje estreia mais um filme que irá, certamente, pregar às cadeiras dos cinemas portugueses muitos admiradores do denominado "cinema do fantástico". Na minha humildade e sem querer ofender ninguém, prefiro chamar-lhe "cinema da treta". E, isto porquê? Simplesmente, porque, "treta" é sinónimo de "artimanha" ou "aldrabice", que é o que sinto com este tipo de filmes que relatam histórias que não têm qualquer tipo de afinidades com o mundo em que vivemos.
Tenho a impressão que as pessoas que apreciam este tipo de filmes devem sofrer de alguma espécie de raiva ou desconforto por viverem no Planeta Terra. Provavelmente, ficariam mais satisfeitas se fossem um desenho animado no mundo dos sonhos... Pelo menos, este é o último, mas quantos mais Potters teremos de aturar?

terça-feira, dezembro 16, 2003

Já lá vão dois anos...

Faz hoje dois anos que o país virou à direita nas autárquicas e que Guterres decidiu abandonar o barco da governação. Agora, os socialistas parecem já ter-se esquecido da atitude ignóbil que tiveram e dizem-se prontos para tomar conta do País, acusando a coligação PSD/PP de não saber governar. Uma coisa é certa: nas sondagens, os portugueses parecem não estar muito satisfeitos com este Governo, mas também afirmam não haver melhor alternativa. À falta de quem faça melhor, pelo menos, podemos ficar descansados, pois Durão não é de desistir...

A pior mensagem de Natal...

Este senhor teve a ousadia de proclamar a pior mensagem de Natal que alguma vez ouvi, tendo tido a péssima ideia de se aproveitar da figura do "menino Jesus" para dizer uma piada amarga e reveladora de uma grande falta de gosto. Já tinha uma má impressão do homem, que foi confirmada com este episódio, no mínimo, "bafiento". O homem não anda mesmo bom da cabeça...

Sinais de intolerânica...

A mais recente sondagem realizada sobre o fenómeno da imigração em Portugal revela sérios problemas de intolerância, a roçar a discriminação e a xenofobia, por parte de um povo que, historicamente, sempre teve grandes afinidades com o fenómeno migratório.
Esta situação tem origem numa mentalidade retrógrada que a população portuguesa revela ter, ao julgal que as principais causas para os problemas do desemprego e da insegurança em Portugal se cingem à esfera da imigração. Claro que alguns políticos têm culpas no cartório (sobretudo Paulo Portas!), mas a mudança desta reacção portuguesa à imigração passa por fomentar a educação cívica, não apenas dos jovens, mas também de adultos... Informação e esclarecimento são os antídotos para acabar com esta visão discriminatória do fenómeno da imigração...

segunda-feira, dezembro 15, 2003

Falemos da nossa guerra!

A guerra civil que já dura nas estradas de Portugal há vários anos parece não cessar. Só este ano, segundo a Brigada de Trânsito da GNR já se verificaram 1113 ví­timas mortais resultantes de acidentes rodoviários. Todas as semanas vemos as estatísticas do número de acidentes, mortos e feridos, umas vezes em sentido ascendente, outras descendente, mas sem que se verifique uma melhoria substancial desta triste realidade portuguesa.
Mesmo com o reforço do patrulhamento das estradas ou com o aumento das penalizações às infrações cometidas pelos condutores portugueses parece que os resultados em termos da diminuição da sinistralidade rodoviária não se concretiza.
Causas para esta situação calamitosa? Há muitas e para todos os gostos! Uns dizem que a culpa é da má construção das estradas portuguesas, feitas aos zigue-zagues e com inclinações contrárias nas curvas. Outros colocam a responsabilidade no excesso de velocidade dos condutores portugueses. Outros falam ainda nas ultrapassagens perigosas, na condução sob o efeito de alcóol, etc. Há ainda quem culpe as autoridades de trânsito de apenas se preocuparem com a caça à multa e não na acção preventiva e pedagógica. Conclusão: todos dão palpites e colocam as culpas nos outros.
Pois bem, esta situação que envergonha Portugal deve-se, tão simplesmente, à falta de educação que a maioria dos condutores portugueses revela ao volante. Mas, atenção, esta falta de educação não se resume à má prestação dos portugueses na estrada. Ela é visível no modo como o povo português se comporta no seu dia-a-dia em sociedade: utilização frequente e desmesurada de palavrões, falta de respeito pelos horários, mania das grandezas, desrespeito pelos compromissos assumidos, gosto pela preguiça e pelo descanso, enfim, uma série de comportamentos típicos do português comum que apenas demonstram que o nosso povo é de facto de uma falta de educação exasperante.
Mas, a culpa dos acidentes continuará a ser, para a maioria, das estradas e do excesso de velocidade...

domingo, dezembro 14, 2003

Agora dizem-se todos satisfeitos...

A notícia que hoje domina os media tem sido comentada por personalidades de todos os quadrantes políticos com regozijo. De facto, parece que com a captura de Saddam Hussein, todos aqueles que se dizem contra esta guerra ao terrorismo se transformaram por um dia em verdadeiros defensores da liberdade e da democracia. Hoje, todos os Louçãs e Carvalhas deste país têm vindo para a comunicação social afirmar que estão com o povo iraquiano, neste momento de alívio e alegria pelo ex-ditador ter sido capturado.
Não seria melhor, em nome da coerência, terem ficarem calados em relação a um acontecimento que só foi possível concretizar porque mais de trinta países se uniram em torno da guerra ao terrorismo. Nem nesta altura ganham vergonha...

O Bispo e o aborto

A capa do Expresso deste sábado traz em grande destaque uma chamada à entrevista que o Bispo do Porto concede ao semanário com o título "Aborto não devia ser penalizado". Esta afirmação retirada do contexto leva a supor que o Bispo, pura e simplesmente, concorda com a liberalização do aborto. Ora, depois de ler a entrevista, parece-me que tal ideia não corresponde à realidade. Efectivamente, D. Armindo não coloca o aborto como o centro da questão, mas sim o conceito da famíla. À questão se concorda com a penalização das mulheres que praticam o aborto, o Bispo coloca-se ao lado dos que defendem a sua despenalização, mas vai mais além explicando que "a única solução para o problema é a criação de condições sociais para que as famílias possam criar os filhos".
Relativamente à questão da despenalização da prática do aborto tenho uma posição talvez demasiado rígida, mas assumida. De facto, penso que existem uma série de questões onde a responsabilidade individual deve ser valorizada, de forma a que cada um de nós, enquanto cidadãos providos de direitos e deveres, sejamos postos à prova. Coloco neste conjunto de situações, a prática do aborto e o consumo de drogas ilegais. E isto porquê? Simplesmente, porque, enquanto professor, penso que, como diz o povo, "é de pequenino que se torçe o pepino" e, logo, acho que o Estado, como percursor da sociedade deve dar o exemplo aos mais jovens de como estes se devem comportar em relação ao aborto ou à toxicodependência. Sendo assim, só com atitudes firmes e rigorosas é que se pode levar a que as gerações futuras tenham amplo respeito pela vida.
Não chega afirmar que cada um é dono do seu corpo e que pode fazer o que bem quiser com ele, desde abortar ou consumir drogas. O Estado não pode ser de contemplações com este tipo de visão ultra-liberal. O Estado tem de actuar, com vista a defender um conjunto de valores que são básicos quando se vive em sociedade: o primeiro desses valores é a vida.
E, não me venham dizer que nenhuma mulher pratica o aborto de livre vontade ou de cara alegre. É que, volto a frisar, a questão não é essa, nem esse é argumento para se ser a favor da despenalização do aborto. Digam-me, se se não penalizar algo que é ilegal e imoral, o que é que se pode fazer para levar as pessoas a não praticarem essa ilegalidade? Utilizando simples palavras!
Podem-me chamar conservador ou retrógrado. Não me importo, desde que me possam também chamar defensor da vida...

sábado, dezembro 13, 2003

Formas de se estar na política...

Todo o Homem é um ser polí­tico, já dizia o filósofo. No entanto, muitas pessoas nem notam que estando a favor ou contra a polí­tica em si mesma, basta falar na sua face mais visível (no Governo, nos ministros, nos deputados e nas suas medidas ou não-medidas) para se constituir como um ser polí­tico.
A este propósito, existem várias formas de se estar na polí­tica.
Primeiro, temos aqueles que estão na política por convicção: desde pequenos que gostam da polí­tica e do confronto de ideias; geralmente são simpatizantes ou até militantes de algum partido e aproveitam qualquer diálogo para defenderem a sua "dama". Muitas vezes não têm qualquer benefício em serem tão activos, aliás têm é trabalho! Pertencem às chamadas "bases" dos partidos.
Depois temos aqueles que pensam a polí­tica pela sua própria cabeça, não se inibindo de criticar o partido pelo qual nutrem simpatia: cada vez são menos e, geralmente, são mal vistos pelos seus companheiros de partido. Dou os exemplos de Luí­s Sá e João Amaral no PCP (estes bem sofreram na pele as crí­ticas feitas ao partido), de Pacheco Pereira no PSD e Manuel Maria Carrilho no PS.
Temos ainda aqueles que estão na polí­tica por conveniência e cujo principal propósito é aproveitarem-se da política para "orientarem" a sua vida. Talvez constituam a maior parte dos nossos deputados, que seguem à risca a linha do partido, inibindo-se de criticar o seu partido.
Finalmente, não nos podemos esquecer daqueles que estão na polí­tica sem o saberem: refiro-me aos que dizem não querer saber da política para nada, que criticam os polí­ticos por serem todos iguais, mas que no fundo estão sempre a falar (mal) da política e dos polí­ticos e, que para cúmulo das coisas afirmam querer mudar o rumo das coisas, mas que não vão votar. Neste grupo estão a maior parte das pessoas: dizem detestar a polí­tica, mas estão sempre a falar nela...

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Um valente puxão de orelhas

Pacheco Pereira escreve no Público de ontem um artigo brilhante sobre a questão presidencial, onde desmonta por completo a estratégia de Santana Lopes em relação à sua mania de querer colocar a questão das eleições presidenciais como um tema da actualidade, com vista, claro, à sua candidatura.
Neste artigo, Pacheco Pereira deixa bem claro que o facto de o Presidente da Câmara de Lisboa suscitar nesta altura o tema presidencial só favorece o próprio Santana Lopes, o PP e inclusivé a própria oposição, que assim se diverte a ver o PSD perder tempo com um assunto que neste tempo é tudo menos pertinente.
Este artigo também permite concluir que o PSD é um partido de homens e mulheres livres, onde cada um pensa pela sua própria cabeça e pode dar a conhecer as suas ideias, sem ser considerado uma espécie de "encapuçado". O mesmo não se poderá dizer do PS, onde, por exemplo Manuel Maria Carrilho é quase atirado às urtigas pelos seus camaradas de partido, por ter opiniões divergentes de Ferro Rodrigues.

Ódios de estimação...

Mário Soares e Paulo Portas parecem estar, definitivamente, em rota de colisão. Depois de Mário Soares ter vindo afirmar que Portas "está mais à direita que o fascismo", agora foi a vez de Portas acusar o "pai" dos socialistas de ter realizado «a pior descolonização de que há memória na Europa».
Será que Soares e Portas não ganham juízo suficiente para deixarem de mandar "bocas" um ao outro? Soares tem mais é de se preocupar com o estado decrépito a que chegou o seu partido de estimação. Por isso, deveria isso sim "puxar as orelhas" a Ferro Rodrigues, tal como o fez Sousa Franco na entrevista que concedeu esta semana à revista Visão. Quanto a Portas, seria bom que apostasse mais em fazer o seu trabalho de Ministro e poupasse o "avôzinho" Soares a ataques inconsequentes. Se quiser atacar alguém, bem poderá ocupar-se com o Bloco de Esquerda ou o Partido Comunista.
E assim vai a nossa política, com "avôzinhos" e "netinhos" a atacarem-se uns aos outros, como se não tivessem mais nada que fazer...

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Só mais um escândalo, por favor...

A revista Visão de hoje traz a público a notícia de um suposto envolvimento de ministros do PSD e do PP num alegado favorecimento do Governo em relação à Universidade Lusíada. Quanto à veracidade da notícia em si nada tenho a dizer, pois não sou investigador, nem tão pouco juíz. Quanto ao resto, apenas quero fazer duas considerações.
Por um lado, agudiza-se o clima de desconfiança que se vive em Portugal, com a comunicação social, desde televisões e rádios até jornais, ávidos na procura de escândalos (não interessa se verdadeiros ou não), que lhes permitam aumentar as audiências ou o número de tiragens. Neste momento, muitos jornalistas parecem-se cada vez mais com investigadores da Judiciária ou do SIS.
Por outro lado, o facto de a oposição ao Governo não ser feita pelos partidos da Assembleia da República, mas sim pelos media, que neste último caso da Universidade Lusíada, até obrigou o Governo a ter de se explicar. O Parlamento é cada vez mais a casa das vaidades, pois a verdadeira política faz-se nos noticiários das 20 horas e nas capas dos jornais.

quarta-feira, dezembro 10, 2003

O argumento mais fácil...

O historiador Fernando Rosas (F.R.), reconhecido simpatizante do Bloco de Esquerda, publica hoje no Público um artigo intitulado "Um País Refém do Fundamentalismo", onde tece algumas considerações sobre a situação pós-aborto em Portugal. De facto, F.R. não fala sobre as crianças que ficaram por nascer, orientando-se sim para um discurso, quase de "escárnio e maldizer" em relação à direita portuguesa e aos grupos pró-vida que condenam o aborto.
Para o historiador bloquista, não interessa discutir a moral e a ética que uma mulher e um homem devem ter em relação à concepção, planeada ou não, de uma nova vida. Para F.R. o importante é realçar que a mulher é "dona e senhora" do seu corpo e, que por isso, pode fazer o que quiser com ele, porventura, desde servir de barriga de aluguer ou até vender o corpo durante uma noite a troco de alguns euros.
Ora, em relação ao aborto, interessa ir muito mais além do que simplesmente condenar, como faz F.R. a realização do julgamento em tribunal de mulheres que abortaram. Efectivamente, penso que se torna urgente fazer ver a todos os "Fernandos Rosas" deste país que o aborto é condenável, seja em que situação for (exceptuando quando é a vida da própria mãe que está em risco ou a vida do novo ser que pode ser prejudicada). De resto, o acto de conceber um novo ser não pode ser posto num dos lados da balança, quando do outro estão meras questões económicas ou financeiras. Para esses casos, o Estado encarregar-se-á de tomar conta dessas crianças que não tiveram culpa de vir ao mundo num seio familiar problemático.
É por esta razão que o Direito não deve ignorar as situações daquelas mulheres e homens que são complacentes com a destruição de uma vida, nem que seja para ensinar à sociedade a distinção entre o bem e o mal...

Os nossos futuros políticos!!!

Depois da Associação Académica de Coimbra ter protestado contra a política de propinas deste Governo, fechando a cadeado a Universidade de Coimbra, agora foi a vez da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito de Lisboa se ter lembrado de repetir a estratégia utilizada pelos seus colegas de Coimbra. Curioso, este o procedimento utilizado por estudantes de Direito, futuros advogados, que por conhecerem (penso eu) a Lei Geral deveriam, por uma questão de lógica e coerência, optar por formas de protesto que fossem, pelo menos, legais. Ora, pelo que tenho lido, o encerramento a cadeado da Faculdade é um protesto ilegal e sujeito a procedimento judicial. Afirmou-o, por exemplo, o conhecido constitucionalista Vital Moreira.
Se pensarmos que, actualmente, a maioria dos nossos políticos e governantes são personalidades licenciadas em Direito por estas duas Faculdades, que agora costumam ser fechadas a cadeado pelos seus alunos, mal será se este costume se repetir, com estes universitários "insurrectos" e rebeldes a virem tornar-se nos nossos futuros governantes. Esperemos que não...

segunda-feira, dezembro 08, 2003

Simplesmente linda...

Neste fim-de-semana prolongado fui até à minha terra natal matar saudades da famí­lia e da própria cidade. Já há alguns meses que não ia à Covilhã e gostei do que vi. Uma cidade que não pára, que vai agora crescendo ordenadamente (depois dos erros urbanísticos cometidos no passado), que aposta na juventude e na cultura, que apoia os mais desfavorecidos e que não vira costas para a sua maior riqueza: a Serra da Estrela. Aproveitei o facto de nestes dias ter nevado para ir até à Serra admirar a natureza, que nesta região combina o branco da neve, com o verde dos pinheiros e o escuro do granito. Simplesmente espectacular!
Para quem ainda não sabe onde passar o fim-de-ano e queira fugir à confusão das discotecas e das grandes cidades, aqui deixo um conselho: vão até Serra da Estrela e contemplem o que a natureza tem de melhor. Vale a pena...

sábado, dezembro 06, 2003

Os trocadilhos de Ferrinho.

Já há uns tempos que não escrevia nada sobre o PS e o seu líder. Ora, hoje ao folhear o Público deparei-me com um tí­tulo que demonstra bem a falta de cultura política de que Ferro Rodrigues padece. Ao brincar às palavras com o Pacto de Estabilidade e Crescimento, o líder do PS apenas dá a entender que opta, cada vez mais, por um género de fazer política muito parecido com o utilizado por Francisco Louçã, do BE. De facto, quem costuma ter este tipo de afirmações, meio jocosas, meio graçolas, são os militantes da esquerda mais revolucionária e extremista, que tudo fazem para captar a atenção e, quiçá, alguns votos das classes mais baixas.
É cada vez mais evidente que Ferro Rodrigues não tem perfil de estadista. Mas, a questão não é só a imagem que o lí­der do PS passa de si; é também a substância e o conteúdo daquilo que afirma, que se confunde com o que diz um humorista de segundo ou terceiro nível. Efectivamente, Ferro Rodrigues faz o género do típico polí­tico queimado, gasto e ultrapassado, que está na polí­tica, tal como um comediante está para um Hamlet de Shakespeare...

É verdade, até nos Açores...

Depois do Padre Frederico da Madeira e do Bibi da Casa Pia, foi agora a vez dos Açores serem sobressaltados com a notícia de que a pedofilia chegou a São Miguel, e não foi há pouco tempo... Já alguns tempos que está a decorrer uma investigação da Polícia Judiciária na ilha açoreana para averiguar o suposto envolvimento de figuras públicas açoreanas neste crime horrendo.
Conheço alguns açoreanos que se vanglorizam de os Açores serem uma espécie de arquipélago "virgem", onde, apesar de haver alguma pobreza, essa é apenas material e não humana. Afirmam eles que o espírito açoreano é diferente do continental e que as pessoas dos Açores são mais unidas (só se for em excesso!). Pois bem , esse tempo, se existiu, já passou há muito... Acordem para a realidade: infelizmente, o mal e o bem chegam a todo o lado!
Compreendo que esta notícia deve ter abalado as hostes açoreanas. Agora, virgem só mesmo a natureza... Aqui deixo um abraço de conforto aos meus amigos açoreanos!

sexta-feira, dezembro 05, 2003

Jantar de quê???

A nova táctica utilizada pelo sindicalismo português como forma de protesto foi nos dada a conhecer ontem à noite pelo Sindicato dos Profissionais de Polícia. Este novo procediemento de protesto é, nada mais nada menos que, uma boa refeição...
É verdade, ontem à noite esta associação sindical organizou o que os seus dirigentes apelidaram de "jantar de protesto". Que bem que soa! O Governo deve estar agora à espera que esta nova forma de luta seja alargada aos demais sindicatos. Assim, trocar-se-iam as incovenientes manifestações e greves por almoços e jantares de confraternização.
No final do jantar chegou a melhor novidade: o Sindicato dos Profissionais de Polícia ameaça avançar com uma série de protestos contra a falta de condições de trabalho e o novo regime de promoções, que podem passar pelo "perdão" de multas. Concordo com a ideia. Em vez de passarem tantas multas, os polícias que se preocupem mais com os crescentes índices de insegurança e criminalidade!

quarta-feira, dezembro 03, 2003

A cidade "perseguida"...

O jornal Público e a Universidade Católica têm levado a efeito um ciclo de conferências que se debruçam sobre o tema "Olhares Cruzados sobre o Porto". Estas conferências são dinamizadas por conhecidas personalidades da política, do empresariado e da cultura da cidade do Porto.
Pelo que tenho lido na comunicação social sobre as intervenções dos dinamizadores destas conferências, todos andam à volta, não de olhares cruzados (como insinua o tema!), mas sim de um olhar de esguelha dirigido para sul, em particular para Lisboa. Das duas conferências já realizadas (faltam três) ressalta sempre a ideia de que o Porto não se consegue libertar da sua esquizofrénica mania da perseguição de que é alvo a partir do poder político instalado em Lisboa.
Por exemplo, o deputado socialista Santos Silva afirmou que o Porto deve abandonar "o complexo de ser o segundo da classe, o filho enjeitado, de ser tripeiro". Ora, este é precisamente o comportamento de pessoas como Pinto da Costa, Nuno Cardoso ou Luís Filipe Menezes, que continuamente se vêm queixar de que o Porto só não se desenvolve mais porque Lisboa não deixa. Também Pacheco Pereira defendeu "a necessidade de o Porto se afirmar como uma cidade cosmopolita", o que o conseguirá apenas se se deixar de comparar sistematicamente com Lisboa. Já na primeira conferência o cientista Sobrinho Simões tinha defendido a "teoria de que o Porto sofre, e muito, por estar sempre a ocupar o segundo lugar no pódio".
Ou seja, a ideia que se tem é que o Porto só não se desenvolve como gostaria porque enquanto tiver o "fantasma" de Lisboa a assombrá-lo não consegue atingir os seus objectivos. Não concordo nada com esta ideia, pois se tal fosse verdade também não seria possível ver cidades de média dimensão, como Braga ou Aveiro, crescerem, pois Lisboa ofuscaria qualquer tentativa de desenvolvimento de outras cidades que não a própria Lisboa. O que se passa no Porto é muito mais simples do que uma mera incapacidade de crescer porque Lisboa não deixa. A questão prende-se muito mais, por exemplo, com o facto de as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia terem vivido durante muitos anos de costas voltadas uma para a outra, que impossibilitou um desenvolvimento sustentável e equilibrado destas duas cidades. Também o facto de algumas personalidades (como Nuno Cardoso em relação ao Porto - Capital Europeia da Cultura) terem prestado um mau serviço na dinamização de eventos, que poderiam ser importantes para o Porto não podem ser esquecidos no rol das culpas.
Enfim, penso que é hora de o Porto se deixar de se vitimizar. Sigam os exemplos de cidades como La Corunha ou Barcelona, ou a nível interno, de Aveiro ou Braga... Mexam-se...

terça-feira, dezembro 02, 2003

A crise e a família...

Parece que a crise económica por que Portugal atravessa faz com que as famílias portuguesas se unam mais em torno das dificuldades. Saiba porquê...

Os números da nossa desgraça...

Muito se tem falado das razões que levam a que Portugal esteja na cauda da União Europeia (UE) em termos de desenvolvimento. Neste âmbito, ultimamente tenho apreciado com agrado as declarações de Jorge Sampaio, que tem colocado o cerne desta questão nos problemas de que o sistema educativo português padece.
De facto, após o 25 de Abril e sobretudo a seguir à entrada de Portugal na CEE, os nossos governos (sobretudo os de Cavaco Silva) fizeram um esforço notável no que respeita à construção das infraestruturas necessárias para que a população portuguesa pudesse ter um acesso condigno à educação. No entanto, o aumento do número de escolas, de bibliotecas e de outros equipamentos não foi acompanhado da necessária revisão de todo o sistema educacional, que potenciasse que a população estudantil portuguesa pudesse ter razoáveis níveis de aproveitamento nos estudos.
E aí­ estão, mais uma vez, os números que vêm confirmar a desgraça que Portugal patenteia ao nível da educação:
- Abandono escolar precoce, ou seja, percentagem da população entre os 18 e os 24 anos com apenas o ensino básico e que não está a estudar ou em formação (2002) - Portugal: 45,5%; UE: 18,8%;
- Competências básicas; ou seja, percentagem de alunos com capacidade de leitura igual ou inferior ao nível 1 da escala de competência em leitura (2000) - Portugal: 26,3%; UE: 17,2%
Muito ainda terá que ser feito para que o sistema de educação em Portugal dê a volta necessária. Não chega legislar, alargando a escolaridade obrigatória até ao 12º ano de escolaridade ou aos 18 anos de idade. Têm também que se mudar as mentalidades, valorizando e premiando o trabalho, o esforço, a responsabilidade e a exigência...

segunda-feira, dezembro 01, 2003

A cidade mais jovem...

Ontem passei o dia em Braga, conhecida por ser a cidade mais jovem da Europa. Depois de ter dado aulas por aquelas bandas há já cinco anos, as diferenças de então para cá são poucas: continua-se a comer e a beber bem, as pessoas são afáveis e hospitaleiras, as bracarenses continuam bonitas, a noite é animada e a cidade e vilas em redor continuam belas de se visitar... Ainda bem!

Carrilho e a igualdade

Afirmação de Manuel Maria Carrilho transcrita pelo Público: "A avaliação do mundo e de um conjunto de propostas tem de ser visto à luz das novas circunstâncias, mas nunca esquecendo que o princípio da igualdade é o que separa a esquerda da direita".
Para quem concorda com esta ideia absurda de Carrilho, com a qual quer fazer crer que a esquerda defende mais o princípio da igualdade que a direita, aqui deixo os princípios programáticos da direita, onde tal ideia é desmascarada por completo. Isto para que socialistas e comunistas deixem de vir continuamente afirmar para a praça pública que a direita não defende, nem aplica a igualdade de direitos, deveres e oportunidades entre cidadãos.
Esta gente da esquerda arcaica está enganada. De facto, a direita defende que todos devem ser iguais perante a lei e que esta deve defender o princípio da afirmação da sociedade civil, esse sim esquecido pela esquerda que, quando se apanha no poder cria muitas vezes sérios obstáculos à liberdade de iniciativa, optando pela estatização, em contraponto com a iniciativa privada.
Seria bom que estes esquerdistas deixassem de "resgatar" para si o princípio doutrinário da igualdade, pois tal atitude é descabida e fora de tempo...

sábado, novembro 29, 2003

Louçã: o defensor dos estudantes...

O deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã (a cara do defunto PSR) escreve hoje no Público um artigo onde tenta escalpelizar as diferenças de atitude que a esquerda e a direita têm para com o sistema de ensino..
Para Louçã, a direita defende a mercantilização de todos os bens sociais, enquanto que a esquerda defende a gratuitidade de tudo aquilo que é direito social. Estranha forma esta de reduzir à simplificação mais banal as diferenças entre a esquerda e a direita!
O deputado bloquista consegue ser de uma ginástica impressionante ao defender a gratuitidade do ensino e da saúde, ao mesmo tempo que invoca a diminuição dos impostos... Donde pensará Louçã que vem o dinheiro que possibilita um melhor acesso da população à educação e à saúde? E porque será que Louçã ficou parado no tempo, esquecendo-se de que a ideia que profetiza a gratuitidade dos bens sociais está ultrapassada?
Louçã e os seus camaradas da esquerda revolucioária têm que meter na cabeça que vivemos num tempo em que o Estado, mais do que garantir a gratuitidade de tudo aquilo que Louçã julga não mercantilizável (será que também a cultura está neste rol), tem sim de pugnar pela igualdade de acesso da população aos direitos sociais, defendendo os mais desprotegidos (através da concessão de bolsas, abonos e subsídios).
No caso concreto dos protegidos de Louçã (os estudantes), o Estado tem de garantir a igualdade de acesso ao Ensino Superior e ajudar os mais desfavorecidos (através da concessão de bolsas de estudo, do aumento do número de residências universitárias para os estudantes deslocados, da diminuição dos custos de transportes e da diminuição do valor das propinas, etc.). Por outro lado, o Estado não pode ser complacente com aqueles estudantes (e não são poucos!) que precisam de dois ou mais anos para completar as cadeiras de um ano lectivo (para estes impõe-se um aumento de propinas e inclusivé a explusão do ensino universitário).
Louçã afirma também que esta política de direita dará origem a um ensino de elite, enquanto que da política da esquerda revolucionária resultaria um ensino aberto e de sucesso. Puro engano! A polí­tica desta direita é realista (pois a gratuitidade apenas se deveria aplicar nos paí­ses onde todos são "pobrezinhos"), socialmente mais justa (pois ajuda os mais fracos e desfavorecidos) e finalmente mais meritória (pois premeia os mais estudiosos). Já a política louçãnista seria uma espécie de combinação entre o facilistismo faccioso e a anti-meritocracismo...
Mas o deputado Louçã só sabe falar de direitos, não é? Pensa que vivemos num paí­s onde todos são pobres e por isso tudo deve ser gratuito. Se vivêssemos como vivíamos há 40 anos atrás até era capaz de defender as ideias de Louçã, mas os tempos são outros...

Só faltava mais esta?

O Expresso noticia que Alberto João Jardim se vai recandidatar à Presidência do Governo Regional (PGR) da Madeira em 2004. Tudo porque Durão Barroso não quer arriscar-se a uma derrota eleitoral nas regionais da Madeira.
A confirmar-se a notícia, mais uma vez fica demonstrada a teoria de que o que hoje para um polítco é verdade, amanhã já pode ser mentira. Quantas vezes já afirmou Jardim que nunca me mais se candidatará a PGR da Madeira?

Então Cavaco?

O ex-Primeiro Ministro, Cavaco Silva, afirmou ontem que o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) está "morto". Finalmente, sem rodeios e sem tabus, Cavaco Silva veio a terreiro confirmar aquilo que se sabe: esta União Europeia está sem rumo e assim, tal como está não serve.
Agora, é pena que em relação à  posição portuguesa Cavaco Silva não tenha siso mais frontal com Manuela Ferreira Leite. Mais uma vez veio em sua defesa. O mal maior é para o próprio Cavaco, que assim não consegue passar a imagem de independência partidária que se exige a um candidato a Presidente da República.

Atraso de três anos...

Leio no Público que hoje é o "Dia sem compras", dia este que é dinamizado por várias organizações europeias que lutam contra o consumismo desenfreado.
Duas condiderações acerca desta notícia. Por um lado, este dia chega com um atraso de três anos, quando no tempo das "vacas gordas" de Guterres, aí sim se deveria ter alertado a população para a poupança. Aliás, no tempo do Governo de Guterres este dia deveria ter sido comemorado todos os meses! Agora, em tempo de crise este alerta não adianta nada, pois os portugueses pouco dinheiro têm para gastar. Por outro lado, os comerciantes devem achar a comemoração deste dia como uma provocação a eles, pois as vendas nos shoppings e no comércio tradicional estão tão baixas que falar em dia sem compras só pode ser piada...

sexta-feira, novembro 28, 2003

Ensinem demografia aos sindicatos!

A maioria parlamentar que suporta o Governo fez aprovar, ontem, um novo diploma que limita as reformas antecipadas e só permite a aposentação aos 60 anos de idade, mesmo que o trabalhador até já tenha antes, 36 anos de serviço. Claro que os sindicatos já vieram dizer "cobras e lagartos" do diploma, depois de terem feito manifestações e greves.
Será que aos sindicatos custa assim tanto compreender que, com o aumento da esperança média de vida e a entrada cada vez mais tardia dos jovens no mundo de trabalho, se tornava urgente aumentar a idade da reforma, a fim de que o Estado-Providência não entrasse em ruptura e falência?

De volta à política

Nos dois últimos dias, o Presidente da República (PR), Jorge Sampaio teve declarações que devem ter deixado Durão Barroso com uma espécie de nó na garganta. Mas, este não se deixou ficar e respondeu à letra.
De facto, Sampaio veio criticar a pretensão da maioria PSD/PP em querer avançar com uma nova revisão constitucional. Sampaio foi muito directo e acusou, indirectamente, o Governo de se desculpar nalguns pontos fracos da Constituição,para agora se lembrar da sua revisão. Por seu lado, Durão Barroso não ficou calado e já veio afirmar que não deve haver qualquer reserva de princípio à adaptação da Constituição. Durão respondeu, através dos jornalistas, a todas as críticas de Sampaio, tendo inclusivé mandado uma "farpa" ao PR, ao afirmar que não trocaria a nossa Constituição pela espanhola, depois de Sampaio ter dado o exemplo dos espanhóis, que só por uma vez alteraram a Constituição.
A segunda crítica que Sampaio faz ao Executivo, por meio do jornal Público, tem a ver com a acusação que o PR faz à tentativa do Governo em querer privatizar sectores que deveriam continuar a ser da competência do Estado. Esta é a primeira resposta de Sampaio à reforma da Administração Pública que este Governo está a levar pela frente. Ora, Barroso já veio afirmar que as reformas são para levar adiante.
Porque se deverá esta mudança de atitude de Sampaio?
Penso que Sampaio resolveu agora tomar maior protagonismo para os assuntos que realmente interessam à  Nação, depois de uma temporada em que foi "passado para trás" pela actuação desastrosa de Ferro Rodrigues. Por seu lado, Durão Barroso não se deixa afectar pela actuação de Sampaio e tem sempre resposta pronta para o PR.
Acho que a política é isto mesmo: confronto de ideias e troca de opiniões, sempre na procura do bem-comum...

quinta-feira, novembro 27, 2003

"Que os aturem eles..."

Ao ler uma notícia no Público intitulada "Famí­lias estão a "atirar" crianças para a escola", imediatamente tive a curiosidade de ler o seu conteúdo, na medida em que me identifiquei totalmente com o tí­tulo da mesma. Identifiquei-me, não porque também "atire" os meus filhos para a escola, a fim que os professores os aturem, pois ainda não sou pai (e quando for espero não atirar os meus filhos para a escola como se esta fosse um depósito de miúdos), mas, dizia, identifiquei-me sim porque, como professor que sou é isso que sinto que acontece com muitas das dezenas de alunos que todos os anos tenho pela frente, nas minhas aulas de Geografia.
De facto, parece-me que cada vez mais, seja nas grandes cidades, mas também nas pequenas vilas e aldeias (quem diria!) deste país, os pais já não têm mão nos seus filhos e ficam aliviados quando os vêm partir para a escola. O martírio recomeça ao final do dia quando os jovens chegam a casa e inundam a casa de desassossego. Claro que há excepções, e ainda bem, mas neste mundo das correrias e do stress, os filhos já não têm a mesma noção de família que as suas anteriores gerações tinham. E o problema é que nem os pais de hoje pensam como os pais de antigamente, onde o respeito era considerado como um valor quase sagrado!
Por seu lado, os professores são cada vez mais uma espécie de mandarins, a quem é dada a função de incutir nos seus alunos, não só os conteúdos programáticos de cada disciplina, mas também e cada vez mais os valores e a boa educação que não lhes é dada em casa. Mas, como poderão os alunos respeitar os professores, quando são os próprios pais que chegam à escola a queixar-se ao Director de Turma que não têm mão nos seus filhos?
E as férias do Natal já se estão a aproximar... Lá virão novamente muitos pais queixar-se de que não têm sí­tio onde guardar os miúdos durante o dia, como se os seus filhos fossem uma espécie de cãezinhos à procura de casota...

quarta-feira, novembro 26, 2003

A vez de Justino...

Chegou agora a vez de ser o Ministro da Educação, David Justino, a ter de se explicar das suspeitas de irregularidades cometidas pelos serviços do Ministério da Educação relativamente à colocação de professores. Nos últimos dias têm surgido na comunicação social, por intermédio da FENPROF, uma série de casos onde há suspeita, segundo o Sindicato dos Professores da Região Centro, de ter havido um alegado favorecimento na colocação de professores em escolas dos distritos de Aveiro, Coimbra, Castelo Branco e Viseu.
Depois de Isaltino Morais, Pedro Lynce e Martins da Cruz, é agora David Justino o "crucificado" e alvo de suspeitas de estar metido em situações de "cunha". A propósito destes casos há três considerações a fazer:
1ª - ainda não se sabe nada acerca das alegadas irregularidades de que Isaltino Morais foi acusado, não se sabendo inclusivé o que é feito do mesmo e do seu sobrinho taxista;
2ª - os sindicatos parecem ter-se especializado na função de investigar, o que, por um lado é positivo e demonstra a sua capacidade de acção, mas por outro leva a entender que o sindicalismo se está a desviar daquilo para que foi criado;
3ª - urge a necessidade de que as inspecções e investigações aos serviços públicos sejam realizadas de forma coerente e rigorosa, até para salvaguarda dos próprios Ministros e Secretários de Estado, visto que estes são, muitas vezes, considerados pela opinião pública como culpados das situações irregulares, mesmo quando as mesmas não estão sobre a sua acção directa.
Resta saber o que irá acontecer a David Justino e qual o Ministro que se seguirá no rol das suspeitas...

O caminho é para a frente...

Desta vez, Portugal foi preterido na escolha para a realizaçãoo de um grande evento internacional. O America`s Cup irá realizar-se em Valência e, certamente que nos próximos dias muito se irá falar sobre as razões que levaram Lisboa a não ter sido escolhida para realizar este acontecimento desportivo.
Agora não vale a pena arranjar culpados por esta decisão, como tanto gosta de fazer o típico português. Simplesmente porque não os há... Umas vezes fica-se a rir, outras não. O facto é que parece que estávamos mal habituados: fomos escolhidos para organizar a Expo 98, o Mundial de Andebol, o Euopeu de Futebol, entre outros eventos. O caminho é para a frente e haverão mais oportunidades para nos aventurarmos em novos desafios...

terça-feira, novembro 25, 2003

Portugal parodiado...

O mesmo realizador de filmes como "Quatro Casamentos e um Funeral", "Nothing Hill" ou "O Diário de Bridget Jones", apresenta-nos agora a comédia romântica "Love Actually" ("O Amor Acontece"). Este filme, onde a ironia e a paródia reinam, ficou conhecido em Portugal por ter como protagonista a portuguesa Lúcia Moniz, no papel de uma jovem empregada que irá viver um romance com um escritor que se refugia em França para sarar feridas de amor.
A comédia é tipicamente britânica e recomenda-se a quem quer passar duas horas a rir de situações que nos fazem recordar episódios da vida real. No entanto, nas salas de cinema desse mundo fora, quando os amantes do cinema se depararem com a personagem interpretada (e bem) por Lúcia Moniz, muitos deles (os mais desconhecedores da realidade portuguesa) ficarão com a ideia que Portugal é ainda um paí­s atrasado e com uma população provinciana.
É que há o risco de, noutros países, a personagem interpretada por Lúcia Moniz ser reconhecida como o protótipo do tí­pico português: pobrezinho, humildezinho, sem formação e à procura da felicidade no estrangeiro... O que não corresponde, inteiramente, à verdade...

Difícil de entender...

A notícia de que Portugal votou a favor da proposta da maioria dos ministros das Finanças da Zona Euro, proposta essa que iliba a Alemanha e a França de serem penalizados pela Comissão Europeia por défices excessivos, não vai ser compreendida nem aceite pela maioria dos portugueses, por muito que Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite venham dar explicações públicas na defesa dessa proposta.
E isto, porque o povo não entende que se lhe peça sacrifícios para que Portugal atinja um défice orçamental inferior a 3%, ao mesmo tempo que numa União Europeia que se baseia (ou deveria basear) em normas comuns se "perdoa" às duas maiores economias europeias as respectivas sanções por não terem cumprido uma norma que criaram e tanto defenderam.
Este é mais um sinal do verdadeiro risco que há de que a futura Constituição Europeia permite a adopção de duas Uniões Europeias: a dos privilegiados e fortes e a dos acomodados e fracos...
Desta crítica Durão Barroso não se vai livrar nos próximos tempos...

segunda-feira, novembro 24, 2003

Lobbies à descarada!

As recentes declarações do Bastonário da Ordem dos Médicos e da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, relativamente à intenção do Governo de alargar o número de vagas em Medicina, constituem a prova provada de como, muitas vezes, os tentáculos dos lobbies alastram por toda uma classe profissional.
Da Ordem dos Médicos não esperava outra reacção que não fosse a de criticar a proposta do Governo, mas já em relação aos estudantes de Medicina e futuros médicos, é inadmissível que estes apenas olhem para o seu umbigo, desprezando por completo a população doente e carenciada de médicos.
Assim se prova como os lobbies se começam a mexer bem cedo, afectando até as cabeças dos mais jovens, dos quais se esperaria que tivessem outra postura...

Manias de intelectual...

A crónica de hoje de Eduardo Prado Coelho (E.P.C.) no Público, revela bem como algumas figuras que se auto-intitulam de intelectuais consideram os blogues como uma espécie de afronta ao pensamento único. E.P.C. afirma que "o intelectual tem que saber que a sua função é hoje sobretudo a de um tradutor de códigos culturais e que essa função implica uma análise cuidadosa e uma utilização sagaz do sistema dos media", interrogando-se se o mundo de hoje precisa ainda de intelectuais em tempo de "blogues". Por outras palavras, E.P.C. considera inatingíveis os conceitos de intelectualização e "bloguização".
A pergunta de E.P.C. pode ser tudo menos ingénua, no sentido que o conhecido cronista demonstra sentir-se afrontado pelo crescimento dos blogues. Esta é uma caracterí­stica comum naquele tipo de pessoas que pensam ser donas da verdade, fazendo tudo no sentido de procurarem protagonismo e tentando excluir as opiniões daqueles que não vivem à custa daquilo que escrevem.
E. P. C. revela-se no Público de hoje como o paradigma ultrapassado do intelectual de esquerda, ao insinuar que apenas os intelectais "profissionais" devem ser ouvidos, esquecendo-se que os blogues são apenas "livros" abertos a todos aqueles que apreciam o confronto de ideias e o debate público.

domingo, novembro 23, 2003

A reforma de que ninguém fala...

O Público dá a conhecer um bom exemplo de como empresários e trabalhadores podem chegar a bons acordos, desde que a entidade patronal tenha bom senso e os trabalhadores deixem o fundamentalismo ideológico-partidário de lado.
Muitas vezes a defesa dos interesses dos trabalhadores não é feita, porque muitos sindicatos têm ainda uma visão deturpada da realidade, "cascando" por tudo e por nada na entidade patronal, apenas com o intuito de conseguirem mais umas adesões ao seu sindicato.
Apesar de ser trabalhador por conta de outrém não sou sindicalizado, precisamente porque discordo da actuação dos sindicatos que dizem defender a minha classe profissional. Seria bom que muitos sindicalistas analisassem com atenção a notícia do Público, e já agora que lessem o excelente editorial de Amilcar Correia. Pode ser que com estes exemplos seja possível realizar uma reforma de ninguém fala: a dos sindicatos.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Notícias...

Para rir: a recepção de Sampaio a um líder de um partido (PND) que nunca foi a votos.
Para "chorar": a notícia destas mulheres que não são para brincadeiras.

Ou 8 ou 80...

Cada vez que há uma greve Governo e sindicatos esgrimem números contraditórios. Hoje foi a vez do Governo falar em 10% de adesão e os sindicatos a defenderem que 70% dos funcionários públicos fizeram greve. Depois queixam-se que os jovens portugueses não percebem nada de Matemática... Com estes exemplos já nada admira!

Despejar cultura...

Freitas do Amaral (F.A.) defende na revista Visão a introdução de uma nova disciplina, intitulada Cultura Geral, no ensino secundário. Penso que tal propósito é, actualmente, impraticável no sentido que F.A. lhe dá.
No entanto, caso as nossas escolas fossem dotadas em cada uma das salas de aula com um computador ligado à Internet com Data-Show incluído e outro material audiovisual, esta ideia poderia ser posta em prática. Mais uma vez teria a instituição Escola que se substituir aos pais e à família, no sentido de dar a conhecer aos alunos conteúdos realmente pertinentes que envolvem o cidadão.
Bastava debater com os alunos temas que estão na ordem do dia, facilmente apoiados em documentários que passam, por exemplo nos canais Odisseia ou SIC Notícias para que os alunos pudessem contextualizar a realidade que os rodeia. Agora estar a debitar conceitos nas disciplinas de História, Filosofia ou Geografia para que os alunos os despejem nos exames não os motiva para a tal Cultura Geral.

Serão eles coerentes?

Acabo de ler no Público que o presidente da Associação Académica de Coimbra, Vítor Salgado, admitiu ontem que a Queima das Fitas de Coimbra do próximo ano poderá não se realizar, a exemplo do que aconteceu entre 1969 e 1980, como forma de protesto contra o aumento das propinas.
Não concordando com a maior parte das acções protagonizadas por este senhor e seus camaradas, nomeadamente o fecho a cadeado das portas da Universidade de Coimbra, penso que, caso os universitários que são contra as propinas, optem por esta forma de protesto, estarão a dar uma imagem de que, pelo menos são coerentes e convictos nas suas ideias. Caso contrário, passará a ideia de que estes manifestantes tudo fazem para não terem aulas, mas quanto a festas e paródias são os primeiros a alinhar.
Ontem Pacheco Pereira escreveu um excelente artigo sobre o que nas últimas semanas se tem passado em Coimbra, criticando muito bem a passividade das autoridades face ao desrespeito de alguns alunos universitários pela Universidade e seus alunos, professores e funcionários.
Estou com curiosidade para ver se estes pseudo-estudantes terão a coerência de não participarem na Queima das Fitas de Coimbra. Até lhes dou um conselho de borla: que façam greve a metade das bebedeiras e saídas à noite previstas e aproveitem esse tempo para estudarem!

quinta-feira, novembro 20, 2003

Excessos de trafulhices...

Segundo o Público, o Presidente do Supremo Tribunal Administrativo (STA) criticou ontem o "uso abusivo de procedimentos" por parte dos advogados, no sentido de protelarem injustificadamente os processos a decorrer em tribunal.
Ou seja, quem conseguir arranjar um advogado trafulha que se dê ao trabalho de desenvolver todos os meios para adiar os julgamentos até é capaz de se safar, enquanto que os que têm pouco dinheiro e são obrigados a recorrer a advogados oficiosos se sujeitam a ter uma defesa de segunda mas talvez mais justa.
Em relação ao que o Presidente do STA afirmou, só acrescentaria que já é hora de pôr ordem neste tipo de advogados que usam e abusam destas trafulhices...

Uma nova ideologia...

Todos sabemos que a discussão acerca das ideologias está cada vez mais em desuso. Afirmar-se hoje em dia que se é de esquerda ou de direita já não faz muito sentido, quando vivemos num mundo cada vez mais global e quando Portugal tem de se sujeitar às directivas da UE.
Outro problema dos nossos dias é o facto de as pessoas actuarem cada vez mais de forma individualista, preocupando-se apenas com os seus problemas e desprezando os conceitos de sociedade e de solidariedade. A esta nova forma de pensar chamar-lhe-ia a ideologia do "umbiguismo", com cada um dos intervenientes a olhar apenas para o seu próprio "umbigo".
O bem-comum é um conceito decadente e que, infelizmente, faz menos sentido, numa sociedade que é crescentemente egoísta e egocêntrica.
Isto a propósito de uma conversa que hoje tive com um amigo meu acerca dos aumentos salariais. Não me choca nada que haja maiores aumentos para aqueles que menos ganham, em contraponto com aqueles que têm vencimentos mais elevados. É o que está previsto para o próximo ano e acho muito bem...

quarta-feira, novembro 19, 2003

Uma questão de falta de educação...

Muito se escreveu e disse hoje a propósito do balneário destruído pelos jogadores da selecção portuguesa sub-21, depois do importante jogo de ontem com a França. Houve quem criticou, quem desculpabilizou e até houve aqueles que elogiaram a atitude dos jovens jogadores.
No noticiário das 21 horas da SIC-Notícias ouvi a opinião do jornalista David Borges, que reflectiu sobre esta questão de forma um pouco mais abrangente. Afirmou ele que a juventude portuguesa está, nos últimos tempos, a tomar atitudes que demonstram uma enorme falta de educação.
E, de facto, reflectindo um pouco chega-se facilmente à conclusão que, ultimamente, se têm multiplicado os exemplos de como a nossa juventude parece não querer largar o "cognome" de rasca. Temos o caso dos jovens universitários de Coimbra que se comportam como se fossem donos da Universidade, o caso das claques de futebol que parecem querer apenas fomentar a confusão, o caso de muitas crianças que em casa desrespeitam os pais e que nas nossas escolas desrespeitam os seus professores, o caso dos bandos de jovens que assaltam combóios e agridem polí­cias, entre muitos outros exemplos que poderiam ser dados. Claro que nem toda a juventude é ruim, mas parece-me que os bons exemplos são cada vez mais escassos.
É caso para dizer que, caso Salazar se levantasse do túmulo e visse o estado a que chegou a (má) educação e o respeito em Portugal, nem se acreditaria...

terça-feira, novembro 18, 2003

Greve à vista...

Os Sindicatos da Função Pública convocaram uma greve para a próxima sexta-feira, para a qual prevêem uma forte adesão por parte dos trabalhadores. Segundo eles, esta é uma greve de contestação à política do Governo, que afirmam ser de completa desvalorização dos serviços públicos.
Apesar de ser professor não vou fazer greve, pois penso que não é com greves que se resolvem problemas. E, neste caso em particular, até penso que os funcionários públicos são dos poucos profissionais que se podem queixar, tendo em conta o rol de regalias de que usufruem, em comparação com os demais trabalhadores da esfera privada. Basta lembrarmo-nos daqueles trabalhadores da industria têxtil ou vidreira, que passam dez horas por dia a trabalhar em frente a uma máquina para receberem uns míseros 400 euros por mês. Aí­ sim, os sindicatos deveriam mexer-se mais...
Deixo aqui apenas alguns exemplos das regalias dos funcionários públicos, como aqueles que trabalham nas Câmaras Municipais, nas Finanças, nos hospitais ou nas escolas: horários reduzidos em relação à média das demais classes profissionais, possibilidade de faltarem cerca de dez dias por ano, sem desconto no vencimento, assistência médica, através da ADSE, e muitas outras regalias...
Não serão estas regalias a mais em relação ao chamado "proletariado", que os sindicatos tanto afirmam defender? E, já agora, outra pergunta: porque é que as greves são sempre marcadas para a sexta-feira?

A policia portuguesa

Segundo números do Ministério da Administração Interna, em Portugal os polícias abusam do uso das armas de fogo quando se trata de fazer perseguições. Segundo o Público, este ano morreram seis pessoas na sequência de intervenções policiais com recurso a arma de fogo, quatro das quais em situações de perseguição automóvel.
Ora, nos noticiários de hoje já se veio criticar a polícia portuguesa por querer imitar os policias dos filmes de Hollywood. Em Portugal, ora se diz mal da policia por "não fazer nada", ora se critica por matar ao desbarato e em exagero. Acho que são criticas que não correspondem à verdade dos factos. No entanto, face às criticas de hoje, das duas uma: ou queremos uma força policial que use, sem abusar, dos meios de que dispõe para defender a ordem pública, ou pugnamos por uma PSP "mansinha" que intervenha com cautela redobrada.
Por mim, prefiro uma PSP que passe para a opinião pública a imagem de que é, efectivamente, uma força de segurança, que prima pela ordem e pelo bem-estar das populações, fazendo uso efectivo dos meios de que dispõe. Talvez assim, os assaltantes deste país passem a temer a polícia portuguesa, em vez de a "gozarem", como acontece actualmente.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Uma inauguração folclórica...

A maneira como ontem a RTP passou de uma estação de televisão de interesse público para uma estação televisiva folclórico-regionalista, associando-se de forma quase paternalista à inauguração do Estádio do Dragão, apenas demonstra como se pode transformar uma cerimónia que se pensava poder ser sóbria e elegante num espectáculo provinciano. A acrescentar a este folclore mediático houve todo um rol de declarações de Pinto da Costa, que apenas demonstram aquilo em que ele se tornou: um líder regional que deita, qual dragão encapuçado, "línguas de fogo" sobre tudo o que cheira a Lisboa e a Rui Rio.
Aqui deixo um artigo elucidativo do Director do Expresso sobre esta questão.

domingo, novembro 16, 2003

A Iraquização

Excelente o artigo de Jorge Almeida Fernandes no Público, sobre a viragem na estratégia dos E.U.A. em relação à questão iraquiana. Através deste artigo ficamos a perceber melhor as razões que levaram os E.U.A. a desenvolver esforços no sentido de apressarem a democratização do Iraque.
Em suma, aquilo que se pensava ser o pós-guerra não se concretizou e o plano norte-americano teve de ser rapidamente revisto. Agora, há que continuar em frente e ultrapassar as dificuldades. Apenas, as "avestruzes" escondem a cabeça debaixo da terra...

Os portugueses e a selecção de futebol

O povo português anda desconfiado da nossa selecção de futebol. Por um lado, as últimas exibições da selecção parecem não ser convincentes na ideia de que Portugal poderá ir longe no Europeu de 2004. Por outro lado, Scolari constitui "persona non grata" para alguns dirigentes do nosso futebol (caso de Pinto da Costa), que aproveitam qualquer resultado menos bom para mandarem "bocas" ao seleccionador. Como resultado, os portugueses, que nos últimos jogos da selecção até têm enchido os estádios, não poupam nos assobios aos jogadores e a Scolari. Foi o que aconteceu ontem no jogo com a Grécia: o público foi hóstil com a selecção e não "puxou" pelos nossos jogadores.
Mas, há males que vêm por bem. Penso que mais vale ir para o Europeu com poucas expectativas e a pensar em baixos voos, do que repetir-se o que aconteceu na Coreia do Sul...

Aproveitamentos políticos...

Não gosto nada quando os políticos se servem de circunstâncias alheias para tentarem retirar aproveitamentos políticos. Foi o que aconteceu agora com o caso do rapto do jornalista Calrlos Raleiras. Por um lado, Durão Barroso veio com a informação da libertação do jornalista em primeira mão, dando a entender que foi graças apenas ao seu Governo que tudo acabou pelo melhor. Por outro lado, também Ferro Rodrigues veio com uma declaração emotiva, culpando o Governo pelo rapto e afirmando que em vez dos italianos, poderiam ter sido os portugueses a apanhar com as consequências do recente atentado terrorista em Nassíria.
Penso que, em relação a este assunto mais valia que Durão Barroso e Ferro Rodrigues tivessem ficado calados, em vez de terem dito o que disseram. Ás vezes, o silêncio é de ouro...

sábado, novembro 15, 2003

Falta de consciência

Maria João Ruela, a jornalista da SIC envolvida no ataque de um grupo de iraquianos a repórteres portugueses, justificou a situação ocorrida (da qual resultou o rapto de um jornalista da TSF) com a falta de consciência que os jornalistas tinham do risco real que pressupunha entrarem em território iraquiano.
Agora não vale a pena deitar as culpas para cima do Governo de Durão Barroso, como já o fez Ana Gomes, do PS. Quanto muito, há que imputar responsabilidades para as estações de televisão, rádios e jornais, que enviam os seus repórteres para uma terra hóstil, sem as mí­nimas condições de segurança.
Esperemos que com o repórter da TSF tudo corra pelo melhor...

sexta-feira, novembro 14, 2003

Agradecimentos

De vez em quando faz bem ao nosso ego sermos criticados, seja pela positiva ou negativa. Tanto faz, desde que seja a bem da liberdade de expressão e do confronto de opiniões. Os meus agradecimentos ao Aviz, à Periférica, ao Portugal Profundo, ao Bloguitica e a todos aqueles que têm comentado alguns dos meus artigos.

Grande novidade!!!

O Jornal de Notícias refere que a Inspecção-Geral da Saúde chegou à maior "descoberta" dos últimos tempos: afinal, sempre existem ligações entre as multinacionais farmacêuticas e os médicos. Que se seguirá agora? Algum médico ou director da Bayer vai ser acusado ou condenado?
E depois o povo queixa-se que a justiça não funciona...

Mais um disparate de Júdice

O Bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, não se cansa de dizer disparates. Desta vez, lembrou-se de afirmar à revista Visão que "o processo Casa Pia foi inventado pelos jornalistas". Será que Júdice ainda não se apercebeu da barbaridade que proferiu, pondo em causa a honra das vítimas do caso de pedofilia da Casa Pia?
Coincidência ou não, nesta edição da revista Visão, em que Júdice entra em defesa do líder do PS, vem também publicada uma entrevista a Ferro Rodrigues. Penso que são coincidências a mais...
Dá a entender que Júdice e Ferro têm muito mais em comum, para além dos dois se andarem a desmultiplicar em declarações disparatadas... Que saberão eles que muitos de nós apenas desconfiamos?

"Comigo não..."

Celeste Cardona, Ministra da Justiça, foi firme quando ontem afirmou à RTP que não tolera a introdução de salas de chuto nas prisões portuguesas. No entanto, faltou à Ministra pronunciar-se sobre as alternativas que defende para acabar com um flagelo que afecta vários milhares de presidiários portugueses.
Não se compreende que toxicodependentes entrem nas prisões portuguesas e que nada ou muito pouco seja feito para os tratar. Mais do que presidiários, deveriam ser considerados como doentes a necessitar de tratamento. Por isso, penso que considerar a introdução de salas de chuto é optar por um caminho, mas que é o mais fácil... Em certas matérias, é melhor ir pela via mas dífícil, mas mais valorativo em termos humanos e nesta questão defendo o tratamento da toxicodependência, com a criação de prisões especiais para os presidiários toxicodependentes (um género de prisões-hospitais).

Gente do norte...

Pequeno retrato do meu jantar de hoje numa vila do interior de Portugal:
Entrei no restaurante por volta das 21 horas, a fim de saborear uma refeição quente que me confortasse o estomâgo. Apenas uma mesa estava ocupada, com três homens, que aparentavam ser viajantes. Afinal de contas estava em Castro Daire, terra que numa noite fria, como a de hoje, se assemelha a um deserto...
Ainda nem me tinha sentado e já o dono do restaurante me aconselhava a provar um arroz corrido que tinha feito há pouco tempo e que me assegurava estar uma delícia. Fui no seu conselho e, enquanto aguardava pela refeição entretive-me a ver o final do jornal da SIC.
Estava a falar o Manuel Maria Carrilho, quando o sossego deu lugar ao barulho provocado por uns sujeitos, acompanhados de uma mulher, que entraram no restaurante para jantar. A sua pronúncia soava a norte, que foi confirmada poucos momentos depois pela forma como "conversavam" (ou melhor gritavam) uns com os outros, ao mesmo tempo que se metiam com a empregada que os atendia. Não consegui evitar ouvir a conversa daqueles sujeitos, que em cada dez palavras pronunciadas incluíam uns dois ou três palavrões. Perguntaram ao dono do restaurante onde se poderiam deslocar para conhecer umas raparigas (referiam-se a uma casa de meninas) e fizeram com que o meu jantar fosse importunado por uma linguagem baixa e sem nível. Ao fim da refeição, confirmou-se a minha teoria: eram do Porto e estavam de passagem!
É este tipo de episódios que faz com que a ideia que tenho acerca das pessoas do Porto em geral seja tão negativa, pois muitos portuenses demonstram uma extrema falta de cultura e educação que se tornam insuportáveis...

quinta-feira, novembro 13, 2003

Ser-se discreto na política

No blog Bloguitica critica-se o facto de a Ministra dos Negócios Estrangeiros, Teresa Patrício Gouveia (TPG) nada ter dito ainda sobre a ida dos militares da GNR para o Iraque.
Penso que TPG apenas se está a comportar tal qual como a conhecemos: discreta e sóbria. E isto, porque a questão da ida da GNR para o Iraque nunca foi colocada pela Ministra, mas sim por Durão Barroso que desde o início da Guerra do Iraque seguiu este dossier bem de perto.
Assim, TPG apenas poderia vir agora dizer alguma coisa, caso a mesma se comportasse como se comportam, infelizmente, a maioria dos nossos políticos: com fome e ânsia de protagonismo. Mas, TPG, honra lhe seja feita, não sofre desse vício...

quarta-feira, novembro 12, 2003

Quando a bola atrapalha...

Acabei de assistir na RTP ao jogo entre o Marítimo e o Benfica (1-1) e fico incrédulo com os noventa minutos de pouco futebol que as duas equipas proporcionaram. Este foi, sem dúvida, o pior jogo do Benfica nesta temporada (acho que nem o empate merecia!), o que, a continuar assim (com tantos altos e baixos) deixa antever a conquista de mais um campeonato para o Porto... A não ser que...

Prenúncio angustiante...

A notícia com que hoje acordámos do atentado suicída em Nassíria não faz prever uma vida facilitada para os militares portugueses, que logo à noite partem para o Iraque. De facto, a situação, que se julgava calma nesta região do Iraque, tornou-se, com este atentado, complicada e os sentimentos de angústia, receio e susto devem estar a apoderar-se dos familiares destes militares destemidos.
Pede-se a todos nós, não apenas políticos, que sejamos compatriotas, louvando estes homens e mulheres que, em representação de Portugal vão dar o seu contributo no combate ao terrorismo internacional. Que venham de lá sãos e salvos...

Onde está o lí­der da oposição?

Com a entrevista que Ferro Rodrigues concedeu ontem à RTP ficou bem claro que o paí­s não tem, neste momento, qualquer lí­der da oposição. Efectivamente, o Secretário-Geral do PS passou grande parte da entrevista enrolado em questões sobre o escândalo da Casa Pia, esquecendo-se que o país não se resume à pedofilia. Ferro Rodrigues não soube conduzir a entrevista para questões como a crise económica, o Orçamento de Estado, o TGV, a educação ou a saúde em Portugal. Enfim, uma oportunidade perdida...
Com isto tudo, quem fica a perder é o PS e o próprio paí­s...

terça-feira, novembro 11, 2003

Intercidades esquecido...

Nestes últimos dias só sem tem falado do TGV e da futura ligação rápida a Espanha e ao resto da Europa. Nada tenho contra o trajecto, ou melhor, os vários trajectos escolhidos para fazer a ligação ferroviária de Portugal ao centro da Europa. Antes pelo contrário, penso que a decisão final é deveras vantajosa, tanto para o Porto, como para Lisboa.
Apenas me inconformo pelo facto de não se ter aproveitado esta ocasião para revitalizar um conceito algo esquecido e posto de parte nos últimos anos: as linhas ferroviárias de intercidades. Como é possível que algumas cidades de Portugal continuem a não ter uma ligação ferroviária decente, quer a Lisboa e ao Porto, como a Espanha? Falo dos casos de Bragança, Vila Real, Viseu (esta nem sequer tem linha ferroviária!), Portalegre ou Évora, que continuam a ver passar combóios lentos e que seguem às curvas até ao litoral.
Seria bom ter aproveitado esta ocasião para debater um pouco a rede ferroviária convencional portuguesa. Mas, mais uma vez privilegiou-se o litoral e esqueceu-se o interior de Portugal...

segunda-feira, novembro 10, 2003

Um homem revoltado e fora de tempo...

Álvaro Cunhal fez hoje 90 anos. Na mais recente intervenção do militante comunista português mais conhecido da actualidade, fica-se com a ideia que Cunhal é um homem desiludido com o presente da sociedade em que vivemos e revoltado com o percurso do seu partido de sempre.
Cunhal afirma que o mundo, por influência dos E.U.A. seguiu o rumo errado da globalização imperialista e que para contrariar esta evolução, os trabalhadores se devem unir, seguindo o exemplo dos "paí­ses nos quais os comunistas estão no poder (China, Cuba, Vietname, Laos, Coreia do Norte) e que insistem na construção de uma sociedade socialista". Depois de se referir elogiosamente a estes países comunistas, Cunhal destaca os sindicatos como a força capaz de aglutinar os trabalhadores em torno da luta anti-capitalista. Só depois se refere aos partidos comunistas como a forma de impedir o alastramento da globalização.
Ora, quando Cunhal vem aceitar regimes como o da Coreia do Norte ou do Laos, onde o povo é obrigado a seguir um rumo onde não foi nem é tido nem achado, não há que dar palmadinhas nas costas de Cunhal só por este ter a idade que tem ou por seguir as suas convicções de sempre, como muitos colunistas e comentadores têm feito nos últimos dias. Apesar da sua idade penso que não há que ter medo em condenar Cunhal por este não ter tido ainda a lucidez de constatar que o rumo levado a cabo por países como a Coreia do Norte não leva de todo à satisfação das necessidades da população. Muito pelo contrário, a Coreia do Norte é o exemplo claro de como o comunismo mais puro e ortodoxo leva à miséria e à pobreza...
Por outro lado, Cunhal parece desiludido com o destino dos partidos comunistas dos paí­ses onde impera a democracia (caso do PCP em Portugal) quando afirma que o povo se deve apoiar nos sindicatos e só depois nos partidos, para combater o liberalismo económico. Será um recado para Carvalhas?

domingo, novembro 09, 2003

Sampaio castelhano

Ontem, no noticiário da SIC Notícias, assisti a uma reportagem da recente visita de Sampaio a Espanha, onde o nosso Presidente da República (PR) aparecia a falar castelhano perante uma plateia de políticos e empresários espanhóis. Porventura foi impossível arranjar um tradutor por terras do nosso país vizinho, se é que era necessário traduzir a língua portuguesa para castelhano...
Que autoridade tem o nosso PR para vir apelar aos valores nacionais quando ele próprio não dá o exemplo e chega a Espanha a falar numa língua que não é a sua? Nunca vi o Rei de Espanha ou o Primeiro Ministro espanhol chegarem a Portugal e falarem a nossa língua. E mesmo que visse não mudava a minha opinião em relação a esta matéria.
Às vezes, Sampaio entra em contradições ingénuas que apenas confirmam que Sampaio não é nenhum "anjinho" como muitos pensam...

Puxão de orelhas e esfregar de mãos...

Ferro Rodrigues resolveu hoje puxar as orelhas aos seus "inimigos internos", referindo-se a eles (João Soares e Manuel Maria Carrilho) na conferência de imprensa que deu em directo nos noticiários da noite, como sendo personalidades que, ora hoje dizem uma coisa, como amanhã dizem outra. O líder do PS lembrou que foram estes dois militantes que, há uns meses atrás, afirmaram que Ferro Rodrigues não poderia ficar quieto e calado ao ataque que estava a ser feito ao PS.
Pois bem, parece que o líder do PS quer ficar a todo o custo à frente do partido até às próximas eleições, mesmo que isso lhe custe o agudizar do mal-estar dentro do PS. Mais uma vez, Durão e Portas devem estar a esfregar as mãos de contentes...

sábado, novembro 08, 2003

Centros históricos

A Câmara Municipal de Viseu decidiu estabelecer regras algo contraditórias no acesso de veículos ao centro histórico de Viseu, impedindo a sua entrada nas noites que vão de segunda a quinta feira e permitindo, pelo contrário, que a zona histórica da Sé seja invadida por carros ao fim-de-semana.
Que lógica tem esta medida? A de facillitar a confusão nas noites de sexta-feira e sábado no centro histórico ou a de fazer um piscar de olhos aos eleitores mais jovens que frequentam os bares da zona da Sé?
É no mínimo contraditório assistir a este facilitismo eleitoral, quando muitas das outras cidades portuguesas com centros históricos andam a fazer precisamente o contrário do que é feito em Viseu. Sinal de provincianismo?

O regresso de Monteiro...

Realiza-se durante este fim-de-semana o congresso fundador do Partido da Nova Democracia (PND), liderado por Manuel Monteiro. A forma apressada como foi criada esta nova agremiação partidária parece dar a entender que serve apenas para juntar os excluídos do PP à volta de Monteiro, por forma a conseguí-lo eleger para algum cargo polí­tico, seja o de deputado europeu, ou quiçá o de deputado na Assembleia da República.
Monteiro tem fome de política e tudo irá fazer para se "vingar" de Paulo Portas. Este novo partido multifacetado, pois não se sabe se é de esquerda, do centro ou de direita, tem como principal objectivo "roubar" votos aos populares já nas próximas eleições europeias.
Resta saber se Monteiro irá conseguir convencer eleitores suficientes para atingir um resultado que lhe permita fazer-se eleger para o Parlamento Europeu. Cá para mim, nem 1% irá conseguir. Vai uma aposta?

sexta-feira, novembro 07, 2003

Sintoma de pequenez...

Ontem, tanto a RTP como a TVI, transmitiram em directo, por volta das 11 horas da manhã, o pedido oficial de noivado do Príncipe das Astúrias, Felipe de Bourbon, com a jornalista espanhola Letizia Ortiz Rocasolano. É triste depararmo-nos com mais este exemplo da nítida pequenez que envolve grande parte da nossa comunicação social, que resolveu transmitir em directo um acontecimneto que nada tem a ver com Portugal. Claro que isto só ocorreu porque o acontecimento teve audiências, o que prova como anda o povo português, mais interessado com o que acontece à família real espanhola do que aos assuntos internos de Portugal.
Imagine-se como se comportarão as nossas televisões quando for o casamento do dito casal...

Marcas estrangeiras?

Sabiam que é numa fábrica de Braga que se confeccionam os casacos e calças de marcas como a Massimo Dutti, Paul Smith, Cyrilus ou Charles le Golf? Pois é, andam muitos dos portugueses a comprar roupa de marca a preço de ouro, pensando que é produto made in Italy ou made in France e ignorando que as mesmas são produzidas por trabalhadoras portuguesas que se fartam de trabalhar para recebem salários de 350 euros por mês.
Pois é, a verdade é que muitas das marcas que julgamos estrangeiras, são mais portuguesas do que pensamos...

quinta-feira, novembro 06, 2003

Matrix, Potter e Companhia, Lda.

Nos últimos tempos, o que parece estar em moda nas salas de cinema mundiais (Portugal incluído) é a proliferação de filmes que impelem o espectador para o mundo do imaginário, seja para a chamada ficção científica do fantástico (tipo Matrix), seja para o "país das maravilhas potterianas".
Pelos vistos, Holliwood já se apercebeu que o público cinéfilo não está virado para filmes que dêm muito que pensar. Pelo contrário, opta-se cada vez mais pelos filmes do género fast-food, em que o espectador se senta confortavelmente no seu lugar e olha para a tela durante duas horas para ver cenas de pura ilusão, muitas delas feitas em computador e em que as personagens de carne e osso são substituídas por criaturas dotadas de poderes mágicos.
Já o aqui disse uma vez: esta situação não será sintoma de que o público cinéfilo anda a precisar de uma reciclagem ou de uma consulta no psicólogo?

quarta-feira, novembro 05, 2003

Para protestar já se mexem...

Muitos daqueles estudantes que estão nas Universidades Públicas e que hoje se manifestaram por o Governo aumentar os valores das propinas, são os mesmos que nas noites de quarta e quinta feira embarcam imperiais e shot`s nos bares e discotecas de Lisboa, Porto, Coimbra, Évora, Braga, Covilhã, etc e enchem os recintos das festas académicas...
É irónico ver estes alunos gritarem tanto contra as propinas e ficarem calados em relação à acção social e à lei das prescrições. E isto, certamente porque, muitos daqueles que se mexem para se manifestarem são os mesmos que não têm acesso a bolsas de estudo por via dos bons ordenados que os pais auferem ou por já terem sete ou oito matrículas.
Esses meninos que estudem...

Alfacinhas ou tripeiros?

Durante o jantar que hoje tive com uns colegas, tivémos uma conversa animada sobre as semelhanças e diferenças que existem entre as pessoas de Lisboa e do Porto. A única conclusão a que chegámos é que as diferenças são bem maiores que as semelhanças. Enquanto que uns defendiam a ideia de que os alfacinhas são mais calorentos na recepção aos de fora que os do Porto, outros afirmavam que os tripeiros são menos dicriminatórios que os de Lisboa.
Vivi em Lisboa vários anos, onde tirei o curso superior, e sou visita habitual na capital onde tenho família, e, pela experiência aí adquirida, penso que os lisboetas são extremamente hospitaleiros, até porque muitos daqueles que vivem em Lisboa são oriundos de outras regiões do país.
Quanto ao Porto, apesar de não conhecer tão bem a cidade, penso que os seus habitantes têm mais dificuldades em receber um forasteiro, sobretudo se for de Lisboa, especialmente devido ao síndrome de inferioridade de que muitos padecem, aliado ao fanatismo clubista de muitos tripeiros (que se deixam levar pelo discurso inflamado de Pinto da Costa).
Enfim, Lisboa e Porto são cidades muito diferentes. Ora, como são as pessoas que fazem as cidades, logo é lógico pensar que alfacinhas e tripeiros têm posturas e maneiras de ser bem distintas. Quanto a mim, continuo a preferir a cultura alfacinha à cultura tripeira!

Negócio da treta

O agora deputado João Cravinho, ex-Ministro das Obras Públicas do Governo PS, negociou, durante o seu mandato, com algumas empresas de obras públicas, a adjudicação da construção e manutenção das denominadas auto-estradas SCUT`s (Sem Custos para o Utilizador), também conhecidas pelas auto-estradas das portagens virtuais.
Ontem, no Parlamento, Durão Barroso elucidou-nos dos custos deste verdadeiro negócio da treta: as despesas para os cofres do Estado (onde residem os dinheiros dos nossos impostos) seriam em 2004 de 44 milhões de euros, mas subiriam logo em 2005 para 253 milhões de euros e até 2031 os encargos atingiriam os 15 mil milhões de euros.
Mais uma vez, fica bem demonstrada a actuação do Governo de Guterres: "nós fazemos e o próximo Governo que pague". O que vale é que Durão Barroso já anunciou que vai acabar com o financiamento destas SCUT`s...

terça-feira, novembro 04, 2003

Prenda de aniversário

Ferro Rodrigues comemorou ontem os seus 54 anos e João Soares quis presenteá-lo com a boa nova de que se prepara para candidatar a líder do PS. Se o PS com Ferro Rodrigues já é uma miséria, imagine-se com o "Bochechas" júnior!

Crueldade Intolerável

Assim se intitula o filme que está a passar em algumas salas de cinema de Portugal e que assenta que nem uma luva àquele tipo de mulheres que apenas ligam ao dinheiro e a todos os advogados que veem a justiça como um jogo de boxe...
Neste filme, onde impera a ironia, ficamos com a ideia de como na nossa sociedade os advogados são vistos como uns indivíduos que entram numa sala de audiências tal qual como dois pugilistas que se soqueiam um ao outro num ringue de boxe. Tudo vale para defender a pele do cliente, desde que este pague bem: arranjam-se umas testemunhas fictícias, descobrem-se os "podres" do adversário, inventam-se uns álibis, etc.
Depois, o realizador Joel Coen mostra-nos como a mulher se equipara muitas vezes a um ser que tem como principal anseio ter dinheiro e independência. Este retrato faz lembrar sobretudo as nossas "Cinhas Jardins" de Cascais, que todas as semanas aparecem nas revistas cor de rosa evidenciando uma figura de mulheres ricas, poderosas e livres de embecílhos (que é como quem diz, de homens).
Enfim, um filme excelente para advogados e tias se aperceberem da imagem que têm na sociedade...

segunda-feira, novembro 03, 2003

O custo de haver lobbies...

O Ministro da Saúde reconsiderou hoje que o díficil estado da Saúde em Portugal se deve, em parte à falta de médicos. Grande novidade?! No entanto, esta afirmação tem a vantagem de vir demonstrar, por um membro do Governo, o poder excessivo que alguns lobbies detêm no nosso paí­s.
Reporto-me, por exemplo, à Ordem dos Médicos, que tudo tem feito para que saiam por ano das nossas Universidades poucos licenciados em Medicina, com o objectivo de, facilmente fazer chantagem com o Governo e conseguir excessivas benesses para a sua classe profissional. É claro que interessa à Ordem dos Médicos que haja falta de médicos em Portugal para, assim exigir do Governo o que quiser para os seus profissionais: ordenados elevados, redução da carga horária, pagamento exurbitante das horas extraordinárias, reformas antecipadas, facilidade na abertura de consultórios privados, etc, etc.
Este é só um exemplo de como os lobbies são efectivamente prejudiciais para a qualidade de vida do povo português...

O combate à fuga fiscal

Depois de nos últimos anos se ter falado tanto no combate à fuga fiscal, a Ministra das Finanças finalmente deu luz verde para que no Orçamento de Estado (OE) de 2004 seja introduzida possibilidade do cruzamento de dados entre o Fisco e a Segurança Social. Manuela Ferreira Leite afirmou hoje que já dispõe de legislação que sustenta esta medida, e que pode aplicá-la já no OE do próximo ano. Para tal só precisa da autorização da Assembleia da República, o que se espera que seja dada sem grandes trubulências, a não ser que a oposição se comporte de forma irresponsável. Mas, nesta oposição já nada me admira...
Ainda há poucos dias tive uma conversa animada com uns amigos meus sobre este "cancro" que mina a vida sócio-económica portuguesa e que é causadora de verdadeiras injustiças entre os trabalhadores por conta de outrém e os trabalhadores por conta própria: a fuga ao pagamento dos impostos. Um desses meus amigos disse não acreditar que esta medida viesse a ser aplicada por este Governo. Pois bem, parece que se enganou e que, afinal vai ser mesmo um Governo de direita a aplicar uma medida tida como de esquerda. Mas, que importam as diferenças ideológicas entre esquerda e direita, quando o que está em causa é a defesa da igualdade dos contribuintes perante a Lei.
E ainda dizem que este Governo não pugna pela justiça fiscal...