terça-feira, julho 08, 2003

Um Portugal cada vez mais brasileiro?

Nos últimos anos, a crescente corrente imigratória brasileira tem trazido inúmeros benefícios para Portugal, sobretudo no espí­rito contagiante de alegria e felicidade que as mulheres brasileiras incuntem na população masculina nacional. A excepção, dirão as mulheres portuguesas, consistirá nos excessos que as beldades brasileiras provocam para os lados de Bragança.
Mas, o título deste artigo relaciona-se com outra questão, que nada tem que ver com o que atrás afirmei. Efectivamente, a questão centra-se no facto de Portugal, segundo os últimos dados do relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), se encontrar no primeiro lugar do ranking dos paí­ses da União Europeia com uma maior desigualdade entre ricos e pobres. Esta realidade vem confirmar que o nosso país parece, aos poucos, vir a sofrer de um "abrasilamento" não apenas social, mas também económico, pois todos sabemos que o Brasil é dos países com maiores desigualdades sociais e económicas.
Claro que esta evolução nada tem que ver com a presença dos nossos "irmãos" brasileiros em Portugal, pois caso essa relação existisse, certamente, que o Luxemburgo já teria passado para a cauda da Europa com a quantidade de portugueses que lá vivem!
A principal causa para esta tendência de Portugal em aprofundar as diferenças entre ricos e pobres terá mais que ver com o facto dos ricos enriquecerem mais depressa do que os pobres. Claro que os partidários do PCP ou do BE (os do PS talvez se calem pois estiveram no poder há bem pouco tempo!) aproveitarão esta ocasião para vir gritar, qual disco riscado, que esta situação se deve, segundo eles, aos efeitos da globalização e do liberalismo desenfreado que grassa na economia portuguesa. Talvez, cheguem a dizer que a classe social mais baixa portuguesa vive, actualmente, pior que no tempo da ditadura!
Interessa desmistificar esse "papão" que para muitos utópicos socialistas é a globalização da economia. O facto dos ricos enriquecerem mais rapidamente que os pobres não será, com certeza, a situação ideal, mas caso vivessemos numa economia planificada (como idealizam os profetas da esquerda mais ortodoxa portuguesa) a realidade era outra: não haveria ricos, à  excepção dos governantes, e tudo o resto seria considerado pobre! Há dúvidas? Vejam a realidade dos paí­ses do Leste europeu que até há bem pouco mais de dez anos atrás tinham uma economia estatal e que com a introdução do liberalismo fizeram aumentar o seu PIB/per capita para valores bem elevados, alguns dos quais superiores aos de Portugal (exemplo da República Checa).
Enfim, se por um lado é positivo que tanto ricos como pobres vejam aumentado o seu poder de compra, por outro lado torna-se algo frustante ver o os ricos enriquecerem a um ritmo mais rápido que os pobres. Mas lembremo-nos: os pobres só poderão enriquecer se houver ricos! O resto é pura utopia...


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