segunda-feira, agosto 11, 2003

Médicos oportunistas!

Esta segunda-feira vai iniciar-se mais uma greve, prevista para três semanas, dos médicos de três hospitais de Lisboa, contra o não pagamento das horas extraordinárias em urgência, pela tabela mais alta do regime de trabalho médico. O que estes médicos pretendem é ganhar o mesmo que auferem os médicos que exercem a sua profissão em regime de exclusividade. O actual ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, afirmou já publicamente que este regime de pagamento só será aplicado aos hospitais que cumpram determinados critérios, nomeadamente o alargamento do horário das consultas externas até às 18:00 ou às 20:00 e a participação na recuperação das listas de espera de cirurgias.
Ora, com este novo braço de ferro entre os médicos e a tutela, ressalta à vista uma primeira conclusão: a de que uma boa parte dos médicos portugueses parecem estar nesta profissão por um intuito meramente materialista, pois, por tudo e por nada, fazem greve como se esta não afectasse ninguém. Ser médico implica tomar consciência de que se exerce uma função de carácter prioritário, que não se concebe com a prática de greves. Ao exercê-la, os médicos fazem chantagem, pois, indirectamente, servem-se da população doente para conseguirem os seus objectivos oportunistas.
Existem, na nossa sociedade, uma série de profissões às quais só se deveria poder fazer greve em última instância e por razões muito mais sérias do que simplesmente ganhar mais dinheiro: médicos, enfermeiros, polícias, bombeiros. Mas, infelizmente, vivemos num tempo em que só se fala em direitos e se esquecem os deveres.

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