quarta-feira, outubro 15, 2003

Os funcionários públicos que paguem a crise!

Com a apresentação pelo Governo da proposta do Orçamento de Estado para 2004, uma primeira conclusão parece evidente: a redução do défice orçamental tem de passar por cortes nas despesas correntes, e dentro destas, as mais fáceis de aplicar têm a ver com o não aumento dos salários dos funcionários públicos.
Compreende-se a medida do Governo por três razões diferentes. Primeiro, porque na União Europeia, Portugal é o país que mais funcionários públicos tem por cada 100 mil habitantes, o que não quer dizer que os serviços públicos funcionem como mereceríamos. Depois, pelo facto de todos sabermos que o funcionário público médio português é aquele indivíduo que sabe que no dia 23 de cada mês o ordenado já "canta" na sua conta bancária, o que o deixe em claras vantagens relativamente ao trabalhador do sector privado, sobretudo neste tempo de crise. Finalmente, a produtividade da função pública portuguesa não é de molde a que esta mereça receber aumentos salariais acima do crescimento dessa mesma produtividade.
Em conclusão, que sejam os que têm uma vida mais segura e que trabalham a passo de caracol a pagar a crise (apesar de haver excepções). Acho bem. Se fosse do Governo, faria o mesmo...

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