quinta-feira, novembro 27, 2003

"Que os aturem eles..."

Ao ler uma notícia no Público intitulada "Famí­lias estão a "atirar" crianças para a escola", imediatamente tive a curiosidade de ler o seu conteúdo, na medida em que me identifiquei totalmente com o tí­tulo da mesma. Identifiquei-me, não porque também "atire" os meus filhos para a escola, a fim que os professores os aturem, pois ainda não sou pai (e quando for espero não atirar os meus filhos para a escola como se esta fosse um depósito de miúdos), mas, dizia, identifiquei-me sim porque, como professor que sou é isso que sinto que acontece com muitas das dezenas de alunos que todos os anos tenho pela frente, nas minhas aulas de Geografia.
De facto, parece-me que cada vez mais, seja nas grandes cidades, mas também nas pequenas vilas e aldeias (quem diria!) deste país, os pais já não têm mão nos seus filhos e ficam aliviados quando os vêm partir para a escola. O martírio recomeça ao final do dia quando os jovens chegam a casa e inundam a casa de desassossego. Claro que há excepções, e ainda bem, mas neste mundo das correrias e do stress, os filhos já não têm a mesma noção de família que as suas anteriores gerações tinham. E o problema é que nem os pais de hoje pensam como os pais de antigamente, onde o respeito era considerado como um valor quase sagrado!
Por seu lado, os professores são cada vez mais uma espécie de mandarins, a quem é dada a função de incutir nos seus alunos, não só os conteúdos programáticos de cada disciplina, mas também e cada vez mais os valores e a boa educação que não lhes é dada em casa. Mas, como poderão os alunos respeitar os professores, quando são os próprios pais que chegam à escola a queixar-se ao Director de Turma que não têm mão nos seus filhos?
E as férias do Natal já se estão a aproximar... Lá virão novamente muitos pais queixar-se de que não têm sí­tio onde guardar os miúdos durante o dia, como se os seus filhos fossem uma espécie de cãezinhos à procura de casota...

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