terça-feira, dezembro 02, 2003

Os números da nossa desgraça...

Muito se tem falado das razões que levam a que Portugal esteja na cauda da União Europeia (UE) em termos de desenvolvimento. Neste âmbito, ultimamente tenho apreciado com agrado as declarações de Jorge Sampaio, que tem colocado o cerne desta questão nos problemas de que o sistema educativo português padece.
De facto, após o 25 de Abril e sobretudo a seguir à entrada de Portugal na CEE, os nossos governos (sobretudo os de Cavaco Silva) fizeram um esforço notável no que respeita à construção das infraestruturas necessárias para que a população portuguesa pudesse ter um acesso condigno à educação. No entanto, o aumento do número de escolas, de bibliotecas e de outros equipamentos não foi acompanhado da necessária revisão de todo o sistema educacional, que potenciasse que a população estudantil portuguesa pudesse ter razoáveis níveis de aproveitamento nos estudos.
E aí­ estão, mais uma vez, os números que vêm confirmar a desgraça que Portugal patenteia ao nível da educação:
- Abandono escolar precoce, ou seja, percentagem da população entre os 18 e os 24 anos com apenas o ensino básico e que não está a estudar ou em formação (2002) - Portugal: 45,5%; UE: 18,8%;
- Competências básicas; ou seja, percentagem de alunos com capacidade de leitura igual ou inferior ao nível 1 da escala de competência em leitura (2000) - Portugal: 26,3%; UE: 17,2%
Muito ainda terá que ser feito para que o sistema de educação em Portugal dê a volta necessária. Não chega legislar, alargando a escolaridade obrigatória até ao 12º ano de escolaridade ou aos 18 anos de idade. Têm também que se mudar as mentalidades, valorizando e premiando o trabalho, o esforço, a responsabilidade e a exigência...

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