sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Com professores(as) assim...

Ontem e hoje fui participar numa acção de formação realizada por uma associação de professores, que tinha como um dos temas em debate o stresse existente na classe docente e as várias formas de lidar com este problema cada vez mais actual. Mais uma vez, fiquei desiludido com o comportamento manifestado pela maioria dos professores participantes neste tipo de reuniões. É que, num anfiteatro com cerca de 400 docentes (90% deles mulheres), a postura manifestada pela grande maioria dele(a)s foi de bradar aos céus, pelo menos na minha maneira de ver estes encontros.
Passo a explicar. Uma das intervenientes foi uma psicóloga brasileira que resolveu fazer a sua intervenção como se estivesse a lidar com crianças, pondo toda aquela gente a cantar e aos abraços, como se se estivesse presente numa das missas do Padre Borga. Claro que, como a maioria dos professores participantes na acção eram professoras e, ainda por cima, do ensino pré-primário e primário, toda aquela algazarra teve uma adesão enorme.
Para mim, professor do ensino secundário, sempre me fez confusão o comportamento manifestado pelos educadores de infância e professores do 1º ciclo, que participam nestas acções de formação como se estivessem nas suas salas de aula, com os alunos a cantarem e aos saltos. Para aumentar o desconforto sentido naquela experiência de loucos, atrás de mim, sentou-se uma professora primária, já dos seus sessenta e tal anos que, durante duas horas, se fartou de dormir profundamente e ressonar ao som da palestra de um outro psicólogo que falava acerca do stresse.
Conclusão: fui para uma acção de formação a fim de saber algo mais sobre o stresse na classe docente e saí de lá bem mais stressado do que quando para lá entrei. Enfim, esta foi mais uma experiência que contribuiu para que cada vez mais não compreenda porque é que o Estatuto da Classe Docente é o mesmo, tanto para educadores de infância, como para professores do ensino secundário. É que uns e outros são como o azeite e a água: nada têm de semelhante, tanto na função desempenhada, como na postura e na exigência profissional da mesma...

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