sábado, dezembro 31, 2005

Agradecimentos e votos de um grande 2006...

Esta última semana tem sido alucinante (no bom sentido, claro) devido ao nascimento da Diana. A vida mudou muito desde que a Diana passou a tomar conta de (quase) todo o tempo dos pais, nomeadamente do da mãe. Tenho a sorte de ter uma esposa incansável, no sentido de que nada falte à Diana. Nos últimos dias, tudo (preocupações, prioridades, anseios...) tem girado à volta do que é o melhor para a nossa filha. As duas são maravilhosas...
Dado que os meus ritmos de vida pessoal e familiar têm vindo a mudar na última semana, espero no próximo ano retomar em força a escrita aqui no INTIMISTA.
A todos os que me endereçaram os parabéns pelo nascimento da Diana o meu muito obrigado, com votos de um 2006 cheio de alegrias e repleto de boas notícias.

domingo, dezembro 25, 2005

O melhor Natal...

No dia 25 de Dezembro, mais do que a rotina das prendas e do bacalhau, celebra-se o nascimento do Menino Jesus, pelo que a mensagem a reter nesta quadra natalícia deve ser dominada pelo Amor, Paz e Alegria.
Pois bem, este ano o meu Natal foi aquele a que se pode chamar de verdadeiro Natal. Assistir ao nascimento de uma filha na mesma noite em que se lembra o nascimento de Jesus é de uma riqueza espiritual e emocional indescritíveis.
Foi maravilhoso ver a Diana chorar aquando da sua chegada ao mundo, depois de uns longos nove meses de muita emoção e ansiedade.
Obrigado Pai Natal pela melhor prenda que se pode desejar...

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Tempo de Natal

Na passagem de mais uma época natalícia, desejo a todos os frequentadores deste blogue um Natal cheio de alegria e amor, na companhia daqueles que são mais chegados. Contudo, e dado que o Natal não é só prendas e bacalhau, faço votos para que os próximos dias sejam também dedicados a ajudar os mais necessitados e a um pouco de reflexão e meditação sobre a nossa prestação nas diversas comunidades em que nos inserimos (família, amigos, emprego, vizinhança, etc).

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Uma questão de inteligência...

O debate mais esperado da pré-campanha eleitoral presidencial demonstrou o quão grave pode ser para um político não evoluir no tempo e ter um discurso conflituoso, agressivo e deturpador da realidade.
De facto, no debate Cavaco-Soares, ficou bem patente a capacidade que Cavaco Silva teve para se adaptar a este novo tempo mediático, no qual a sociedade civil apresenta um nível mais apurado (embora ainda insuficiente) em termos de acesso à informação que lhe chega dos mais diferentes modos. Por outro lado, Cavaco Silva, no seu estilo professoral preocupa-se em explicar convenientemente as suas ideias, num tom mais humano e até mais sorridente. Quanto a Soares, a desilusão é total. Viu-se, no debate de terça-feira, o mesmo político dos idos anos 70 e 80 do século passado, com Soares a recorrer a um discurso agressivo e mentiroso (mas alguém já ouviu, nesta pré-campanha, Cavaco afirmar que vai acabar com o desemprego, como referiu o candidato socialista?). Soares recorreu à mesma estratégia aquando do debate que teve com Freitas do Amaral há vinte anos atrás, só que desta vez o tiro saiu-lhe pela culatra, visto que o seu interlocutor é outro e o povo já não é tão ignorante como era há duas décadas atrás.

sábado, dezembro 17, 2005

Quantas "Fátimas" mais terão que sofrer?

O recente caso de inúmeras e violentas agressões físicas cometidas pelo próprio pai a uma bebé de apenas 50 dias deixa qualquer pessoa decente em completo estado de consternação e indignação pelo sistema que (não) temos de protecção e defesa dos mais indefesos.
Estando, actualmente, a viver em Viseu e conhecendo muito bem a aldeia onde vivia a pequena Fátima Letícia, foi com extremo repúdio que ouvi algumas das declarações proferidas por algumas das pessoas que tiveram, directa ou indirectamente, responsabilidades na condução do referido caso. Desde a representante da Comissão de Protecção de Menores de Viseu, passando pelo director do Hospital Central de Viseu, até ao próprio Ministro da Segurança Social, é incompreensível que a primeira preocupação destes indivíduos seja o "sacudir" de responsabilidades, ainda antes que se dê início ao apuramento efectivo das mesmas através de um relatório que se espera sério e imparcial...
Fica claro, mais uma vez, que a comunidade envolvente (a dita sociedade civil) tem um papel importantíssimo a desempenhar no sentido de precaver este tipo de situações, ao mesmo tempo que tanto as instituições de saúde, como de educação, têm uma esfera de acção que vai muito mais além das que usualmente se lhe pedem...
Esperemos que, ao menos os casos das infelizes pequenas "Joanas", "Fátimas" e muitas outras crianças desprezadas deste país "sirvam" para despertar as autoridades competentes para este tipo de situações indignas, para que a protecção aos mais indefesos possa ser uma prioridade da sociedade actual.

domingo, dezembro 11, 2005

Dois pesos e duas medidas?

Se bem que este relatório da actual equipa da IGE possa ter tido como objectivo fundamental desmontar a forma conturbada e desorganizada como o ano lectivo 2004/05 se iniciou, o mesmo não deixa de retratar um pouco o modo irresponsável como, muitas vezes, a contratação dos docentes é efectuada em Portugal.
O que mais ressalta à evidência é o facto de ser a própria IGE vir afirmar que são cometidos inúmeros atropelos à legislação no que concerne à colocação de professores, com óbvios prejuízos não só para os próprios docentes, mas também para as escolas e alunos. O principal problema apontado relaciona-se com a excessiva mobilidade da função docente que, quer se queira, quer não, tem consequências ao nível de uma maior taxa de absentismo por parte destes professores que têm de leccionar longe das suas casas.
O que mais me intriga é o facto da IGE apenas apontar recomendações e nada fazer em termos da assumpção de responsabilidades por este tipo de irregularidades cometidas. Então ninguém se responsabiliza por erros que são cometidos nas colocações dos professores, com enormes problemas para a vida destes? Pois é, assim não vale...
Já agora, o "drama" das supostas aulas de "substituição" continua: agora temos o caso de uma escola do Porto, cuja Assembleia de Escola se uniu em torno da inexequibilidade (nos actuais contornos) deste tipo de actividade lectiva.

domingo, dezembro 04, 2005

Como seria hoje Portugal?

Hoje recordou-se a memória de Francisco Sá Carneiro, 25 anos após o seu desaparecimento. Neste tempo todo, não se conseguiu (ainda?) chegar à conclusão se o incidente de Camarate se tratou de mero acidente de origem mecânica ou se, efectivamente, houve "mão" criminosa... Agora, será difícil chegar a certezas, o que não deixa de constituir uma vergonha nacional.
Não sou do tempo de Sá Carneiro. Na época em que este foi Primeiro-Ministro tinha apenas 4 anos, mas lembro-me de como na minha adolescência me habituei a ouvir elogios de saudade dos meus avós maternos e dos meus pais em relação ao fundador do PPD/PSD. A sua influência não foi negligenciada na hora de decidir o meu posicionamento a nível político-partidário...
Mas, como teria sido a história do nosso País caso Sá Carneiro tivesse tido a oportunidade de tomar conta do destino de Portugal por mais anos? Quero acreditar que hoje estaríamos muito melhor do que estamos hoje... Pelo menos ao nível da cultura política!

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Para quando o abrir dos olhos...

Hoje comemora-se, uma vez mais, o dia que lembra o combate que a sociedade tem que travar contra esse flagelo que é o HIV/SIDA. Nesta luta desigual entre uma medicina cada vez mais aprumada, mas limitada, e uma doença que contorna a possibilidade da descoberta da sua cura, torna-se imperioso e premente que os cidadãos abram os olhos para a prevenção. Dito isto, não se compreende que a Igreja Católica continue a condenar em surdina o uso do preservativo como forma de evitar a propagação do HIV/SIDA.
Neste caso, como noutros, seria bom que a Igreja Católica tivesse, pelo menos, a coragem de informar os seus seguidores que não é pecado o uso do preservativo, visto que entre os valores da defesa da fidelidade e descendência e o da promoção da vida, este deve sobrepor-se aos anteriores, por forma a que a taxa de incidência do HIV/SIDA, com risco de mortalidade, diminua consideravelmente. Seria um passo importante a dar pelas instâncias superiores da Igreja Católica e um sinal de abertura aos novos tempos...
Resta-nos o consolo de que ainda há quem, mesmo no interior da Igreja Católica, tenha o bom senso para ver esta realidade e não seguir à risca as "instruções" dos poderes superiores do catolicismo.

domingo, novembro 27, 2005

Polémicas sem sentido...

Algumas das afirmações constantes num novo documento aprovado pelo Papa Bento XVI a 31 de Agosto de 2005 e que foi dado a conhecer na passada semana foram recebidas com alguma revolta e admiração por uma parte significativa da sociedade, católicos incluídos.

Ora bem, esta polémica deveu-se à seguinte afirmação: "a Igreja não poderá admitir no seminário e nas ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais enraizadas ou apoiam o que se chama a cultura gay'". Será que há alguma novidade nesta ideia defendida pelo Papa Bento XVI? Não me parece...

Pode-se criticar a oportunidade da declaração ou até mesmo o teor clarificador e frontal que a mesma incorpora. Há quem diga que, ao omitir-se a posição da Igreja relativamente aos heterossexuais, estamos na presença de um "ataque" aos gays. Mas, convém não esquecer que a Igreja tem como base da sua acção a família, pelo que não pode aceitar que alguém homossexual proclame, "eucaristicamente", a defesa da família, dita, tradicional: pai, mãe e filho(a)s...

Bem sei que recorrendo a estudos das áreas da medicina, da biologia ou da psicologia não fará muito sentido afirmar que a homossexualidade é uma "desordem", como consta da declaração. Mas, a esfera em que a Igreja Católica se move é outra: é a da defesa e promoção de um estilo de vida que vise princípios basilares como a família e a descendência. Ora, a promoção da cultura gay não enquadra nestes postulados, pelo que é normal que para abençoar um casamento ou um baptizado não se possa ser homossexual...

Afinal, porquê tanto frenesim? A mania da vitimização por parte dos gays ou a incapacidade da Igreja Católica para melhor comunicar com uma sociedade cada vez mais parca na defesa de valores e princípios? Talvez as duas razões sejam verdadeiras!!!

segunda-feira, novembro 21, 2005

Ai se fosse por cá!!!

Quem costuma vir a este blogue com alguma regularidade já se deve ter apercebido que discordo em muito do teor dos decretos-lei, despachos ministeriais e circulares que, nos últimos anos, as sucessivas equipas do Ministério da Educação têm "enviado" para as escolas, numa estratégia de reformar aos bocadinhos um sistema que necessita de uma reforma a sério... Também já devem ter constatado que, ao contrário do que o actual Ministério da Educação proclama, defendo uma escola pública que conjugue conceitos como a qualidade e o rigor, imputando aos pais e encarregados de educação a responsabilização que devem ter pela educação dos seus filhos e educandos.
Assim, foi sem surpresa que soube da notícia de que o Governo de Tony Blair pretende introduzir alterações muito sérias no sistema de educação inglês, por forma a responsabilizar os pais pela educação dos seus filhos. Já há muito que defendo que o abono de família não deve ser uma "esmola" concedida de forma indiscriminada aos pais dos jovens que frequentam a escola, podendo, pelo contrário, servir de incentivo para a obtenção de bons resultados escolares. Por outro lado, já noutros artigos aqui defendi que, no caso de alunos que andam na escola apenas para passear os livros (quando os levam!) e apenas se interessam por prejudicar os que querem estudar e fazer a vida "negra" aos professores não basta a aplicação de burocráticos e morosos processos disciplinares que acabam em meros dias de suspensão da escola a que os alunos apelidam de "férias" intercalares, já que nem essas faltas servem para reprovar de ano...
Pois bem, quando é que iremos seguir o exemplo dos ingleses? Quando for tarde demais?

quarta-feira, novembro 16, 2005

Os nacionais, os imigrantes e os sem Pátria...

Ainda não escrevi nada sobre a situação vivida nas últimas três semanas em muitas das cidades francesas, com a desordem pública e o desrespeito pela lei que tem imperado nas noites dos arredores de Paris e de muitas outras cidades da França...
Muito poderia dizer sobre este fenómeno social, enunciando um conjunto de teorias da sociologia que explicam o desenrolar deste tipo de ocorrências... Muitos são aqueles que têm criticado a política de imigração dos Governos franceses dos últimos anos e a forma como os imigrantes que não arranjem emprego são excluídos da sociedade francesa. Outros preferem carregar baterias contra a falta de estratégia que tem sido notada no que concerne à incapacidade da França em assimilar os filhos dos imigrantes que já nasceram em terras francesas e que se sentem como que desprovidos de qualquer Pátria. Outros há que incidem a sua análise no escancarar de portas à imigração africana que durante muitos anos foi sintoma de falta de lucidez e de detonador destes problemas sociais...
Ora, está provado que a Europa, continente cada vez mais envelhecido e crescentemente egoísta, onde o número médio de filhos por mulher é pouco mais do que um (manifestamente insuficiente para a renovação de gerações e para as reais necessidades em termos de população activa) precisa de imigrantes, venham eles do Leste Europeu, do Norte de África, do continente americano ou da Ásia. Mas, esta realidade não implica que não se regulem as entradas, sob o risco de passarmos de uma situação deficitária para uma crise de excesso de imigrantes. Por outro lado, urge que se desenvolvam medidas de cariz social que visem contrariar o que durante muitos anos foi apanágio dos europeus: isolar e "guetizar" os imigrantes de cor de pele diferente e os seus descendentes, nomeadamente os originários das antigas colónias africanas...
A educação e a qualificação são meios essenciais para atingir os fins da integração. Muito há para fazer neste âmbito, pelo que não devem ser desaproveitados recursos que fomentem a instrução desta população, mss nunca descurando o respeito pela ordem pública... Será que os nossos governantes conseguem ver isto ou estão à espera que ocorra uma versão portuguesa do inferno francês?

quinta-feira, novembro 10, 2005

A diferença entre ser-se discreto ou provocatório...

Nos últimos dias foi notícia em alguns jornais (não sei se passou nas televisões) o caso de duas alunas de uma escola secundária de Vila Nova de Gaia que se queixaram de terem sido humilhadas e discriminadas pelo facto de se assumirem como lésbicas. Esta situação desencadeou-se depois das referidas alunas terem sido, segundo as mesmas, provocadas e insultadas por uma funcionária da escola por irem de mãos dadas, já depois de terem sido, por diversas "apanhadas" a darem beijos nos corredores da escola. Segundo as alunas, também a Vice-Presidente do Conselho Executivo actuou de forma errada, tendo-as apelidado de "lésbicas" e afirmado que da escola para fora poderiam ter os comportamentos que bem entendessem. Por parte da escola ficou-se a saber que estas são duas alunas problemáticas, que faltam muito e cujo aproveitamento escolar é negativo...
Pois bem, enquanto professor, mais do que fazer juízos de valores ou criticar uma das partes e "absolver" a outra, penso que será importante que as escolas reflictam muito bem sobre este tipo de situações, incorporando nos seus Regulamentos Internos o que fazer em casos análogos. Se bem que seja diferente, muitas escolas já prevêem o que fazer no caso dos alunos serem "apanhados" a fumar ou na posse de objectos contundentes. Mas, não seria melhor estipular a proibição de determinados comportamentos e atitudes entre alunos que possam sugerir condutas de cariz provocatório para com a comunidade educativa em geral? Atente-se que há escolas onde convivem alunos com idades compreendidas entre os 11 e os 20 anos... Independentemente dos namoros serem entre heterossexuais ou homossexuais, um estabelecimento escolar é um local onde a reserva, o ser-se discreto e a boa conduta devem prevalecer. Na escola onde lecciono já passei por casais de namorados que fazem questão de dar nas vistas em poses que tendem, no mínimo, a incomodar quem passa ao lado... Porque não proibir gestos e atitudes que de discreto não têm nada? Não me falem em coarctar a liberdade pessoal e individual das pessoas. Como se costuma dizer, a liberdade de cada um acaba quando a do outro é posta em causa... Apenas se trata de impor limites a certos comportamentos que tendem a perturbar o normal desenrolar das actividades educativas...
Quanto a juízos de valor, apenas direi que quem parece ter-se aproveitado deste caso para fazer um pouco mais de politiquice foi, como não poderia deixar de ser, o Bloco de Esquerda. Sempre é algum tempo de antena que se consegue ter, não é?
Já agora, depois de o Presidente da CONFAP (Confederação das Associações de Pais) ter afirmado que "é inaceitável pensar que é com regulamentos ou com falsos moralismos que se vai probir seja o que for", não será melhor lembrar ao senhor Albino Almeida que tem sido a aplicação, nos Regulamentos Internos das escolas, da proibição de fumar em recinto escolar a forma mais acertada e com melhores resultados no sentido dos alunos deixarem de fumar nas escolas? Na escola onde lecciono tem sido...

sábado, novembro 05, 2005

A (bem)dita Pátria...

Já não é novidade para ninguém que alguma da nossa comunicação social dá destaque a notícias que nem nos rodapés dos noticiários televisivos deveriam passar e que quase ignora por completo acontecimentos de relevante interesse público e que, estes sim, deveriam ser destaque de abertura e de primeira página...
Mas, mesmo assim, não deixei de me surpreender com a forma, digamos provinciana (e que me desculpem todos aqueles que se consideram provincianos!), como quase toda a comunicação social portuguesa (escrita, radiofónica e televisiva) noticiou o nascimento de uma neta dos Reis de Espanha... Mas, que raio! Será que é assim tão importante para os portugueses saber o peso, o tamanho, a cor dos olhos e outros pormenores de mais uma criança que veio ao mundo? Enfim, não há dúvida que a classe dos jornalistas reflecte muito da forma como o português comum e típico pensa.
Claro que, se os espanhóis soubessem do que se falou e escreveu por cá acerca deste não acontecimento, fartar-se-iam de rir à nossa custa. Provavelmente, até se aperceberam, tal o elevado número de jornalistas portugueses que se deslocaram ao país vizinho para fazer directos em horário nobre televisivo...
Esta postura da nossa comunicação social é ainda mais engraçada (ou não) se tivermos em conta que há por aí agora muita gente de esquerda que quer ressuscitar a palavra Pátria. Sabem a quem me refiro, não sabem? Pois é, Mário Soares e Manuel Alegre (quem diria!) usam e abusam agora do termo Pátria em qualquer circunstância... É a estratégia do piscar de olho ao eleitorado do centro-direita, não é??? Eles que diziam cobras e lagartos do "Deus, Pátria e Família"... São as ironias da vida...

quarta-feira, novembro 02, 2005

Uma pequena amostra do que aí vem...

Quem hoje assistiu pela TVI à primeira grande entrevista concedida por Mário Soares depois deste ter apresentado a sua candidatura à Presidência da República ficou com uma pequena amostra do caminho difícil que espera Cavaco Silva ao longo dos próximos dois meses...
Só os mais distraídos e menos atentos à política portuguesa é que podem ter ficado admirados com a postura, no mínimo, arrogante e maldosa com que Soares se referiu repetidamente a propósito de Cavaco Silva. Aliás, em vez de ter sido a jornalista a conduzir a entrevista vimos um Mário Soares a aproveitar todas as questões para atacar o seu adversário Cavaco Silva, tendo-o mesmo apelidado de intermitente, silenciador e desconhecedor de política internacional. Soares chegou ao ponto de ler afirmações proferidas por Cavaco Silva em contextos diferentes, ao mesmo tempo que tudo fez para tentar passar a mensagem de Cavaco Silva poderá colocar em causa os direitos dos trabalhadores portugueses, esquecendo-se que é ao Governo de Sócrates que cabe conduzir a política económica e social do País.
Fica claro que a campanha eleitoral não será fácil para Cavaco Silva, sobretudo porque Soares e os restantes candidatos de esquerda não se cansarão de assustar os portugueses com a imagem do Cavaco Silva "papão". Os ataques pessoais serão mais que muitos e a equipa liderada por Soares tudo fará para denegrir a imagem de Cavaco.
Esperemos que o povo português tenha a lucidez suficiente para não se deixar levar neste tipo de ataques pessoais e consiga alhear-se de uma campanha de esquerda que apenas funciona pela negativa e na base do ódio e da raiva...

segunda-feira, outubro 31, 2005

1 de Novembro: um feriado discutível...

Em muitos países do mundo, no dia 1 de Novembro celebra-se o "Dia de Todos os Santos". Este é um feriado de origem católica, embora seja "aproveitado" pela generalidade da população, quer se seja católico ou não para fazer uma folgazinha ao trabalho...
Este é daqueles dias, como a terça-feira de Carnaval e outros, em que não consigo compreender qual a razão que leva o Estado a continuar a institui-lo como feriado nacional, quando aposto que a maior parte da população não o celebra, nem sequer sabe qual o seu significado. Aliás, convém lembrar para os mais distraídos que no dia 1 de Novembro é feriado para que, segundo a Igreja Católica, se "agradeça a existência daquelas pessoas que alcançaram a perfeita introspecção das suas almas Divinas e se ore para que no devido tempo da nossa perfeição, nos possamos juntar aos líderes da Luz"! Será que na prática é isto que acontece? Não me parece...
Depois, não nos podemos esquecer que a maioria da população nem sequer quer saber da Festa de Todos os Santos, nem tão pouco do Dia dos Fiéis Defuntos. Aliás, muitos aproveitam o feriado para passear e, este ano, muitos até o reforçam como fim-de-semana alargado, fazendo "ponte" na segunda-feira...
Eu próprio, que sou católico, não preciso deste feriado para homenagear os meus familiares que já partiram. Todos os dias me lembro dos meus avós e não preciso de me deslocar ao cemitério do dia 1 ou 2 de Novembro para me recordar deles. Aliás, considero absurdo que os cemitérios se encham de gente nestes dias, quando o domingo é já por si um dia de celebração festiva para os católicos...
Por outro lado, a haver feriado, pelo menos poder-se-ia "deslocá-lo" para um dia mais junto ao fim-de-semana para, assim evitar o que, mais uma vez, aconteceu: o País a meio gás durante um dia e parado no seguinte...

terça-feira, outubro 25, 2005

Diferenças mais que óbvias

Como se costuma dizer, os dados estão lançados rumo às eleições para a Presidência da República Portuguesa. Havendo cinco candidaturas assumidas, interessa realçar as diferenças que existem entre os respectivos candidatos e perceber qual o tipo de motivação que os levou a avançar rumo à conquista do lugar de Chefe de Estado.
De Louçã e Jerónimo de Sousa pouco há a dizer. Ambos dão corpo a candidaturas de âmbito partidário, com o objectivo claro de aproveitarem os tempos de antena disponíveis e dispararem "cobras e lagartos" cheios de ódio contra a direita portuguesa.
De Mário Soares e Manuel Alegre, poder-se-á dizer que as suas motivações são diversas, embora envoltas num mesmo propósito prioritário: enfrentar Cavaco Silva numa segunda volta. Soares pretende ter o seu derradeiro e único "frente-a-frente" da sua vida contra Cavaco Silva, já que em nenhuma eleição anterior ambos se enfrentaram. Soares, mais do que nunca, deseja afrontar Cavaco Silva e "atirar-lhe à cara" tudo o que lhe vai na alma, aproveitando os debates televisivos e o interesse da opinião pública. Mais do que nunca, Soares quer fazer a "vida negra" a Cavaco Silva, ao mesmo tempo que sonha com a hipótese de poder vir a receber as luzes dos holofotes durante mais cinco anos. É que Soares é parecido com Manuel Maria Carrilho num aspecto: não consegue viver sem as luzes da ribalta.
Já Manuel Alegre pretende capitalizar o muito do mal-estar que predomina em torno deste Governo, pelo que aproveita o facto de muita da esquerda portuguesa não se rever em Soares para tentar vir a ocupar o cargo de Presidente da República. Por outro lado, e tendo em conta a condição do voto útil, Alegre tem a esperança que numa segunda volta destas eleições possa dar corpo a muito do ressentimento que parte do eleitorado português tem para com Cavaco Silva.
E, de Cavaco? O que poderemos dizer? Muito simples. Depois de dez anos onde a sobriedade e o distanciamento a nível partidário foram provas concretas da capacidade de independência de Cavaco Silva, é chegada a hora de Portugal poder ter como seu Chefe de Estado uma personalidade que dê vida própria a este importante cargo. Não chega termos um Presidente da República que se limita a fazer discursos de incentivo ao povo e cheios de moralidade, ao mesmo tempo que passa metade do seu tempo em cerimónias protocolares e viagens de representação. Este é o cargo e o momento apropriados para Cavaco Silva. É Portugal quem fica a ganhar...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Pois é! A resposta está na educação...

Quem diria que numa conferência com dois dos mais reputados pensadores da economia mundial se tenha chegado à conclusão (como se fosse uma grande novidade!) de que a educação é a resposta certa para ultrapassar a crise por que passa Portugal. Pois é! Numa recente iniciativa de um grupo bancário, vieram a Portugal, dois Prémios Nobel da Economia falar sobre a actual situação da economia portuguesa e ambos referiram-se à aposta na educação como um ponto fulcral para que o nosso País possa, de uma vez por todas, seguir o rumo certo no sentido de conseguir fazer face a outras economias mundiais (nomeadamente a China e dos países do Leste europeu) e, assim, aproximar-se das principais potências europeias...
No entanto, verificamos que, apesar das nossas despesas na área da educação serem muito próximas (em percentagem do PIB) das realizadas por países como a Finlândia ou a Alemanha, o facto é que o retorno em termos de sucesso escolar em Portugal é deveras confrangedor. Daqui se conclui que, mais do que aumentar a despesa pública na educação, interessa que saibamos racionalizar os gastos. É que os gastos supérfluos na educação devem ser, actualmente, mais que muitos...
Por outro lado, algumas das medidas que estão a ser implementadas por este Governo são de proveito muito duvidoso. "Enfiar" os alunos na escola durante todo o dia, com mais de dez disciplinas, sem recursos convenientes e exigindo que estes "metam" na cabeça fórmulas, conhecimentos teóricos e outras matérias de pertinência duvidosa, sem perceber que o sucesso escolar passa em grande medida pela forma como se ensina e pelos recursos afectos a este processo, é meio caminho andado para o insucesso escolar.
Depois, não nos podemos esquecer do ensino superior existente no nosso País e da forma como uma boa parte do ensino universitário e politécnico português não passa de um mero saber enciclopédico, desprezando a investigação e a ligação à vida real. Gastar mais dinheiro é importante, mas não chega. É importante exigir mais do Ensino Superior Público Português. Isto já para não falar da reduzida exigência que existe em algumas instituições de ensino superior públicas e, sobretudo privadas, em Portugal.
Mas, continuo a pensar que enquanto não houver uma nova reforma do ensino básico e secundário em Portugal continuaremos a destacar-nos pela negativa ao nível dos rankings europeus da educação.

domingo, outubro 16, 2005

Ai Portugal, Portugal...

E, isto porquê? Apenas porque vivemos num País em que meio "mundo" tenta enganar o outro meio "mundo". Pego no jornal e leio a letras garrafais: "Laboratórios farmacêuticos condenados por cartelização". Miséria! É uma vergonha termos um País onde empresas que fabricam medicamentos essenciais a milhares de portugueses se organizam e combinam preços para aumentarem os seus lucros, já de si enormes, à custa dos contribuintes e dos doentes. E qual é o resultado da condenação? Uma multa pecuniária, sem haver lugar a um processo-crime...
Mas, há mais! No país da UE onde há mais desigualdade entre ricos e pobres, pode-se ler no jornal que, em menos de um ano, já quase cem mil pessoas desempregadas recusaram um trabalho oferecido pelos Centros de Emprego do IEFP. Mas, afinal para onde vamos? Damo-nos ao "luxo" de termos desempregados a rejeitarem empregos. E, depois, ainda há quem culpe os imigrantes da crise que grassa pelo País. Mas, claro, crise só para alguns...
O mínimo que se pode dizer é que não podemos deixar de nos sentir indignados e inconformados quando notícias deste género se multiplicam a olhos vistos, num País onde alguns dos valores básicos pelos quais se deve reger uma sociedade equilibrada e decente começam a definhar...

quarta-feira, outubro 12, 2005

Era uma vez...

Era uma vez um jovem que, desde cedo, vendo-se confrontado com a ausência de um pai (que pouco tempo dava à família e tinha nos seus "amigos" a prioridade do seu tempo) teve no seu avô a imagem daquele "velho", que com a sua sabedoria e argúcia, fazia brilhar de orgulho os olhos do pequeno jovem.
Assim, desde muito novo que o rapaz começou a acompanhar o seu avô, em vivências e aventuras que a memória guardará para sempre. Fosse em tertúlias de café que o avô tinha com os da sua idade e para as quais fazia questão de levar o neto ávido de curiosidade; fosse nos passeios que ambos faziam pelos caminhos escondidos da Serra da Estrela, munidos apenas de um saco de maçãs e de uma garrafa de água; fosse nas esplanadas das praias da Figueira da Foz e de S. Pedro de Moel, no tempo das férias de Verão, nas quais as mulheres iam para o areal tomar banhos de sol e eles os dois ficavam numa qualquer esplanada virada para o mar, com o avô a contar histórias com mais de meio século; fosse na velha oficina de encadernação em que o avô dava largas à sua vocação de artista (encadernador de livros), com o jovem rapaz a aprender com o velho mestre avô a arte de bem encadernar; enfim, muitas foram as horas nas quais avô e neto passaram juntos belos e inesquecíveis momentos...
Esse jovem sempre viu o avô como o seu grande ídolo, pelo que desde novo foi decisivamente influenciado pelos ensinamentos que o avô lhe foi dando, assumindo a defesa de valores para os quais o seu velho mestre sempre se esforçou: o respeito, o esforço, a dedicação e a verdade... Assim, com o passar dos anos, o jovem rapaz foi moldando a sua maneira de ser, sem nunca esquecer os conselhos que o seu avô lhe prestou.
Agora que o seu avô deixou o mundo dos vivos, o jovem sabe o que seu velho mestre estará para sempre presente junto de si, em lembranças e recordações de momentos maravilhosos por ambos vividos e, inclusivamente, nas formas de pensar e estar na vida assumidas por esse rapaz, qual fã que segue os passos do seu ídolo.
Esta história é verídica. O rapaz sou eu e o velho mestre o meu avô. Jamais te esquecerei, querido avô...

segunda-feira, outubro 10, 2005

Autárquicas 2005: uma breve reflexão

Os resultados destas eleições autárquicas evidenciam, em primeiro lugar, que a maioria dos portugueses estão satisfeitos com o trabalho desenvolvido pelos "seus" autarcas, apesar de tudo o que se diz e se sabe sobre o endividamento de muitos municípios e as ligações perigosas que alguns autarcas parecem ter com o lobbie da construção civil...
Por outro lado, não admitir que o PSD e a sua liderança saem reforçados destas eleições é não querer admitir que a estratégia levada a cabo por Marques Mendes deu excelentes resultados, da qual a derrota em Faro constitui a excepção que confirma a regra. Depois, há que aceitar os factos: o PS, nas pessoas de Jorge Coelho e José Sócrates, saem amplamente derrotados, visto que os candidatos por eles apoiados a cidades tão importantes como Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra ou Gaia tiveram resultados aquém dos esperados, alguns dos quais vergonhosos. Outros derrotados que deveriam aprender a lição e afastar-se de vez da política foram Carrilho e Soares (pai e filho).
Quanto à questão que se tem levantado sobre se o Governo deve tirar ilações desta derrota socialista, penso que tal não se deve colocar. Os portugueses sabem distinguir os actos eleitorais e não acredito que alguém fosse votar num candidato do PSD, da CDU ou de outro partido apenas para penalizar o Governo. Agora que Sócrates sai fragilizado, enquanto líder do partido que apoia o Governo, disso não restam dúvidas.
E o que dizer do trio de independentes de que tanto se fala? Penso que os eleitores desses três concelhos avaliaram de forma positiva a acção desenvolvida nos respectivos municípios por Valentim, Fátima e Isaltino, ignorando a falta de ética que estes demonstraram. Mas, fica claro que ainda há que legislar muito para que algum caciquismo seja derrubado a nível autárquico e para que a ética política seja valorizada para bem de todos nós. Aliás, a postura de Valentim na hora de cantar vitória demonstra bem que há quem tenha muito medo de perder o poder. Porque será?
Seguem-se as presidenciais...

sábado, outubro 08, 2005

Por um final de vida com dignidade...

Hoje, 8 de Outubro, comemorou-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Tal como em muitas outras ocasiões, hoje falou-se um pouco sobre este fenómeno nos noticiários televisivos e jornais, para depois se passar mais um ano no silêncio e esquecimento. Até é provável que muita gente desconheça o significado de "cuidados paliativos" e nem sequer se dê ao trabalho de reflectir sobre este novo desafio com que as sociedades desenvolvidas se confrontam...
É que com o aumento da esperança média de vida e o reforço da medicação tem vindo a aumentar o número de pessoas que têm um final de vida cheio de sofrimento, numa espécie de morte degenerativa. Com uma população cada vez mais envelhecida e, muitas vezes, esquecida e abandonada pelos mais novos (até pelos próprios filhos!) cabe ao Estado, na sua vertente social, prestar o apoio efectivo e qualificado aos que são confrontados com doenças prolongadas e incuráveis. Portugal apenas possui sete hospitais preparados para cuidar destes doentes, pelo que, num País onde o envelhecimento é cada vez mais notório, urge apostar na criação de estruturas e na formação de profissionais especializados a este nível.
Sei do que falo, visto que tenho assistido, de há dois anos a esta parte, ao sofrimento que tem tomado conta do meu avô e que tem sido, dentro do possível, minimizado pela acção que tem sido desenvolvida pelos excelentes profissionais do Serviço de Medicina Paliativa do Hospital do Fundão.
Ninguém sabe o dia de amanhã, mas não desejo a ninguém o final de vida que tem tomado conta do meu avô. Apesar do sofrimento que o aflige, ele tem a sorte de ter uma família que o tem apoiado continuamente e a excelência de um serviço hospitalar especializado nos cuidados paliativos. Mas, pensemos nos milhares de idosos que são simplesmente abandonados às portas da morte! E, não me venham com a conversa da eutanásia...
Aqui deixo o meu sincero agradecimento a todos os profissionais (médicos, enfermeiros e auxiliares) que dão do seu melhor em benefício daqueles que têm o azar de ter um final de vida em sofrimento. E, ao meu querido avô, que "espera" agora que Deus o chame, o meu muito obrigado por todos os ensinamentos de vida que me deu e moldaram, em muito, a minha personalidade.

terça-feira, outubro 04, 2005

Que dizer das eleições do próximo domingo?

A poucos dias de mais um acto eleitoral, não acredito que ainda haja eleitores que não sabem em quem irão votar. O mesmo não direi em relação aos que, de tão desiludidos que estão com os políticos, ainda não sabem se irão dar-se ao "trabalho" de votar...
Depois de semanas onde se gastaram "rios" de dinheiro, com propaganda aberrante, sem grande utilidade e, em alguns casos, de muito mau gosto, é tempo de cada munícipe participar na escolha do seu "governo" local. De facto, no próximo domingo deve-se votar apenas com o propósito de escolher o melhor candidato a Presidente de Câmara, independentemente do seu partido ou ideologia política. Dou o exemplo da cidade de onde sou natural: a Covilhã, cidade outrora operária, conhecida como a "Manchester Portuguesa" e de forte tendência de esquerda (nas últimas legislativas o covilhanense Sócrates registou mais de 60% dos votos locais), tem à frente do município um homem do PSD, mas que tem tido o apoio dos covilhanenses, por via do excelente trabalho que o mesmo tem vindo a desenvolver em prol do concelho. Isto só prova que votar contra ou a favor da acção do Governo em eleições autárquicas não faz qualquer tipo de sentido.
Por outro lado, o eleitorado tende a criar certos laços de cumplicidade com o Presidente de Câmara, quando este aposta num estilo de populismo ou até bairrismo desenfreado contra os ventos de mudança. Assim, se explica que candidatos suspeitos de crimes de corrupção, mas detentores de simpatia popular, como Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Ferreira Torres, tenham grandes hipóteses de ganhar no próximo domingo.
Nas grandes cidades, mais do que os programas eleitorais, é o perfil dos candidatos que decide quem tem mais hipóteses de vencer. Ora, se em Lisboa a vitória de Carmona poderá ter origem na rejeição do estilo de Carrilho, já no caso do Porto, poderá ser o estilo independente e rigoroso, mas também afável e simpático de Rui Rio a dar-lhe o segundo mandato consecutivo.
Confundir eleições autárquicas com maior ou menor descontentamento pelo desempenho de Sócrates parece-me um disparate. Mas, o que é mais grave é ver que alguns portugueses não se importam de depositar confiança em candidatos que simplesmente não deveriam poder apresentar-se a eleições democráticas...

sexta-feira, setembro 30, 2005

Sócrates, do que esperas?

Sócrates anda numa roda viva, com anúncios quase diários de novos planos e projectos, segundo ele, de grande impulso inovador. Eles são os Projectos de Potencial Interesse Nacional, o Plano da Ota e do TGV, o Plano Nacional de Emprego, o Programa "Novas Oportunidades", o Programa Inov Jovem, entre muitos outros planos...
No entanto, Sócrates e a sua equipa parece que andam distraídos relativamente a um assunto crucial e de extrema importância para a própria sustentabilidade do nosso País: a recessão demográfica que tem vindo a atingir Portugal!
Esta semana vieram a público diversas conclusões acerca da situação populacional portuguesa. Cada vez há menos nascimentos, visto que o número médio de filhos por mulher em idade fértil é pouco mais que um (1,4), ao mesmo tempo que a proporção de população idosa continua a aumentar, "engordando" as despesas do Estado com as reformas e os subsídios à terceira idade.
E o Governo? O que diz em relação a este estado de coisas? Nada, absolutamente nada... Ou melhor, este Governo parece estar bem mais interessado com a política de despenalização do aborto, em vez de se preocupar com medidas que visem fomentar a natalidade, implementando, por exemplo, um plano de acção que proporcione melhores condições sociais e financeiras aos casais que querem ter filhos...
Por este andar, no ano 2050 Portugal será um País de velhos, a suplicar por imigrantes, com vista a fazer frente à falta de população activa, ao mesmo tempo que muitos dos direitos da população idosa simplesmente serão retirados, por falta de sustentabilidade financeira para cumprir com os encargos socais de um população cada vez mais idosa!

segunda-feira, setembro 26, 2005

Atirar areia para os olhos...

A pré-campanha eleitoral para as próximas autárquicas de Outubro tem dominado a situação política do País, ao mesmo tempo que continua a saga protagonizada pelos sindicatos da função pública e o controlo rosa do aparelho do Estado.
Os debates televisivos tidos entre os candidatos a algumas das principais autarquias do País (neste âmbito não se compreendem os debates sobre Felgueiras ou Gondomar) têm-se revelado, salvo raras excepções, autênticas peças de teatro onde dominam o sarcasmo, a raiva, a mentira e a acusação. Eu cá tenho aproveitado o visionamento destes debates para me rir um pouco das "tiradas" dos nossos políticos. A este nível, é deveras vergonhosa a forma como alguns dos candidatos a Presidentes de Câmara não têm pejo algum em vir aliciar o eleitorado com a promessa de criação de postos de emprego. Esta é a típica promessa (ou compromisso, como alguns lhe gostam de chamar) que equivale a atirar areia para os olhos do Zé-povinho, como se um Presidente de Câmara tivesse uma varinha mágica que permitisse fomentar a criação de emprego!!!
Sócrates foi o primeiro a dar o exemplo com a sua conversa dos 150 000 postos de emprego. Esqueceu-se o nosso Primeiro-ministro que o emprego é uma realidade cada vez mais volátil, dependente da conjuntura económica internacional e da capacidade dos empresários em realizarem investimentos sustentáveis. Quanto aos candidatos a Presidentes de Câmara, estes apenas deviam falar dos seus projectos ao nível das infra-estruturas e equipamentos colectivos e das medidas de índole social e cultural que tencionam tomar, em vez de virem com o "rebuçado" do emprego... Mas, ainda há quem vá na conversa fiada das promessas!!!

quarta-feira, setembro 21, 2005

Qualificar? Sim, mas com exigência!

A prioridade concedida por este Governo à qualificação da população portuguesa, nomeadamente da que está em idade adulta, é de elogiar e assenta numa estratégia que vem da famosa Estratégia de Lisboa e que, em grande medida, redundou num grande fracasso por toda a UE.
Mas, mais do que princípios teóricos ou o simples enumerar de intenções, interessa contextualizar as propostas que o actual Executivo tem em vista levar a cabo. Ora, a verdade é que Sócrates e a sua equipa governamental parecem não perceber que quanto maior é a escalada, maior pode ser a queda. Afirmar que com um novo Programa "Novas Oportunidades" se conseguirá, até 2010, aumentar as qualificações de um milhão (?) de portugueses e triplicar a oferta de cursos técnicos e profissionais, sem entender que muito do esforço terá que ser feito a montante dos problemas, é o mesmo que deitar areia para os olhos dos portugueses e preparar o caminho para, uma vez mais, esbanjar dinheiros públicos como tem sido feito com o conjunto de "investimentos" que têm vindo a ser realizados ao nível de muitos programas de formação profissional, onde os formadores são muito bem pagos e os alunos saem dessas acções com um diploma na mão, mas, muitas vezes, a saber o mesmo de quando entraram nesses programas...
Será que Sócrates quer formar à pressa um milhão de portugueses sem seguir regras básicas, como as do rigor, do esforço ou da exigência? É que formar por formar não leva a lado nenhum... Veja-se o que se passa com grande parte das escolas profissionais, onde a exigência é francamente reduzida. Ou o caso de muitos centros de formação deste País, onde se gastam milhões de euros todos os anos com alunos e formadores e cujo resultado final tem deixado muito a desejar. As empresas que o digam...
Só com rigor, disciplina e esforço da parte de quem ensina e aprende é que poderemos formar pessoal qualificado a nível técnico e de cursos médios e profissionais que possam proporcionar às empresas portugueses aumentos de produtividade, de forma a competir eficazmente num mercado cada vez mais exigente... O resto é conversa!!!

domingo, setembro 18, 2005

Assim não...

A forma esbanjadora e a roçar o estilo da "peixaria" como têm decorrido muitas das campanhas para a eleição das próximas equipas camarárias em muitas das principais cidades portuguesas, como Lisboa, Porto, Sintra, Oeiras ou Coimbra constitui um autêntico atentado ao respeito que os candidatos autárquicos deveriam ter, ao menos, pelos seus concidadãos...
Quem assistiu, na semana passada, à "verborreia" vergonhosa que caracterizou o debate entre Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho transmitido na SIC-Notícias deve ter sentido que aqueles dois senhores apenas tiveram a preocupação de mostrar os "podres" do adversário, em vez de elucidarem o eleitorado acerca das suas propostas. Também no Porto se nota que os dois principais candidatos à Câmara Municipal (Rui Rio e Francisco Assis) mal se podem ver, tal é a raiva que grassa pela cidade nortenha por causa do Túnel de Ceuta e do Mercado do Bolhão.
Depois há que acrescentar o "encharcar" de poluição visual que inundou o País, de norte a sul, num estilo que não olha a meios para gastar dinheiro e depositar verdadeiros "monos" que em nada contribuem, penso eu, para que a decisão final do voto seja tomada...
Os comícios a sério ainda não começaram, mas estas parecem ser umas eleições que apenas irão demonstrar que os políticos cada vez mais se parecem com os dirigentes do futebol: discutem, odeiam-se, maltratam-se e dão o exemplo inverso daquele que deveria ser dado às novas gerações. E, depois ainda há quem se admire da juventude que temos...

sábado, setembro 10, 2005

Contra um Portugal de corporações, mude-se a lei!

Pois é, depois de políticos e sindicatos terem estado dois meses sem nos "chatear" e dos incêndios florestais terem ocupado as capas de jornais e as aberturas dos noticiários televisivos, chegamos à época do "volta à carga". Sócrates e companhia recomeçam o ano político afirmando que o País está a recuperar e a voltar ao rumo certo (parece esquecer-se que as exportações continuam a diminuir e que o investimento registou uma forte quebra!), enquanto que os sindicatos corporativos voltam a marcar manifestações e greves, fazendo de Portugal um dos países da UE onde menos se trabalha por motivos de contestação laboral...
Há que ter a coragem de impor limites ao modo subversivo como algumas associações sindicais, quais autênticas corporações, se aproveitam de alguns direitos para prejudicarem a maioria dos portugueses e impedirem o desenvolvimento de Portugal. Altere-se a lei, que com quase 30 anos já pede reforma!!!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Demolições, rissóis e uns copos...

Só mesmo em Portugal para termos tanto frenesim em redor da demolição de duas torres na região de Tróia. E só mesmo Belmiro de Azevedo para vir falar em espectáculo, depois da SIC ter decidido transmitir em directo a implosão dos dois edifícios. Mas, o mais caricato, digno da elevação de uma mera banalidade de engenharia a um acontecimento que obrigou à presença do Primeiro-Ministro e de dezenas figuras do Estado português foi vermos, na SIC-Notícias, Sócrates falar da concretização seu primeiro PIN (projecto de Potencial Interesse Nacional), enquanto nas suas costas estava uma multidão a comer rissóis e bolinhos, bem regados com sumos e vinhos da região... A típica atitude portuguesa: aproveitar qualquer cerimónia para encher a barriga!!!
Quanto aos "coitados" de Grândola, que tiveram direito a uma écran gigante para verem o tal "espectáculo", foi surrealista ver a jornalista da SIC questionar a alguns habitantes da vila alentejana se acreditavam que o projecto turístico de Tróia poderá vir ser a estratégia para contrariar o desemprego daquela região. Já estou mesmo a ver a população desempregada de Grândola, sem estudos, nem qualificações a servir à mesa dos restaurantes de Tróia! Que rico serviço...
Há que compreender que o turismo não pode ser elevado à qualidade de único "salvador" da Pátria e que os portugueses têm capacidade para muito mais do que simplesmente "vender" praia e sol...

segunda-feira, setembro 05, 2005

Candidaturas pela negativa

A cerca de um mês das eleições autárquicas e a mais de meio ano das eleições presidenciais, os três partidos de esquerda já avançaram com as suas candidaturas ao cargo de Presidente da República (PR). Sim, é verdade! E não me venham com a conversa de que as eleições presidenciais são unipessoais e independentes dos partidos, porque, até agora o que temos visto foi a intervenção activa do PS, do PCP e do BE na apresentação dos seus candidatos ao cargo de PR.
No entanto, mais do que me admirar com esta postura uniforme da esquerda portuguesa, o que mais me surpreende é a actuação pela negativa com que Soares, Jerónimo e Louçã anunciaram aos portugueses as suas candidaturas. De facto, estes senhores demonstram ter em comum um ódio a Cavaco Silva que não se compreende...
Soares vem falar na necessidade de unir o País em torno da sua candidatura, quando o próprio bem sabe que Cavaco Silva teve mais de 48% dos votos nas últimas eleições a que se apresentou há dez anos atrás. Depois, vemos Jerónimo de Sousa vir com a conversa de que a direita não pode chegar à Presidência da República, quando ele bem sabe que quem conduz a política económica de um país é o Governo. Finalmente, temos a cassete do Louçã que apenas sabe atacar de forma grosseira e malcriada Cavaco Silva, parecendo esquecer-se que tal atitude é ofensiva para centenas de milhares de portugueses.
Enfim, apesar de uma esquerda dividida em três candidaturas, que Cavaco agradece e deixa Sócrates pior que estragado, não há dúvidas de que Soares, Jerónimo e Louçã tem algo em comum: o estilo baixo e arrogante de quem se apresenta a votos pela negativa... O costume!!!

quinta-feira, setembro 01, 2005

Regresso ao trabalho

Depois de uma semana de descanso por terras magníficas do Gerês e agora que as baterias já estão "recarregadas", é tempo de voltar ao trabalho e à escrita. Ora, neste primeiro artigo depois das férias, poderia vir aqui escrever sobre os incêndios deste Verão, os anúncios da desistência acobardada de Alegre ou do avanço arrogante de Soares à Presidência da República, do terrível furacão que assolou Nova Orleães ou do regresso das campanhas autárquicas à ordem do dia. Mas não... Decidi-me por retornar ao tema a que me tinha referido no meu último artigo: a vida de professor...
Pois é, como tinha previsto, nos últimos três dias, depois de várias semanas em que o tema da Educação parece ter estado arredado das primeiras páginas dos jornais, eis que voltamos à conversa de sempre: publicadas as listas de colocação de professores, os sindicatos da educação emergem da "maresia" por onde tinham andado e voltam à carga com anúncios de manifestações e greves contra a política de recrutamento de docentes vigente em Portugal. FENPROF e FNE aproveitam-se de mais de uns largos milhares de novos desempregados para voltarem à sua rotina de propaganda eleitoralista.
Quanto à actuação da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que é pouco dada a aparições públicas, continua tudo na mesma: as vagas em quadro de escola e de zona são insuficientes para preencher a oferta de docentes existente, mas, mesmo assim, continuam a abrir centenas de vagas nas universidades públicas e privadas para a frequência de cursos do ramo educacional; continuam a proliferar escolas com 30 alunos por turma, sem se dar prioridade ao sucesso escolar; as ajudas de custo de transporte e alojamento na função pública parecem continuar a ser privilégio só de alguns (como os juízes), enquanto há professores que vão leccionar a centenas de Kms da sua área de residência, sem que isso pareça ser importante para a tutela...
A ver vamos quais vão ser as medidas de fundo que este Ministério da Educação irá implementar, depois de quase meio ano em que nada de novo aconteceu na área da educação, a não ser o alargamento da componente horária dos professores e do congelamento das carreiras... Quanto ao sucesso escolar, parece que esta equipa ministerial está pouco interessada em fazer algo nesta matéria...

quarta-feira, agosto 24, 2005

Vida de professor...

A faltar uma semana para o início de um novo ano lectivo (não para os alunos, mas sim para os professores) o Ministério da Educação veio anunciar a público, através de uma simples circular, que as listas de colocação de professores só serão publicadas no dia 30 de Agosto, ou seja, a 48 horas do dia de apresentação dos docentes nas suas novas escolas.
Afinal, as expectativas criadas pela Ministra Maria de Lurdes Rodrigues de que os professores estariam colocados na terceira semana de Agosto saíram defraudadas. Mais uma vez, dezenas de milhares de famílias estarão os seus últimos dias de férias numa "crise" de stress e angústia à espera de saberem que futuro as espera: ficar longe de casa, ficar com um horário incompleto ou até ficar no desemprego...
Eu, que marquei as minhas férias para a última semana de Agosto a pensar que iria descansar durante uns dias longe da balbúrdia das colocações, afinal só a dois dias do começo de um novo ano lectivo ficarei a saber o que me calhará na "rifa". Lá terei depois que organizar a vida familiar à pressa (quem sabe arranjar uma nova casa!) para estar cheio de vontade de conhecer as novas turmas, os novos colegas, a nova escola, a nova terra, enfim, mais uma "aventura"...
A todos os leitores deste blogue uma continuação de boas férias, se for esse o caso. Eu cá vou desfrutar das paisagens do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Até Setembro...

segunda-feira, agosto 22, 2005

Com tantos planos, o que se pode esperar?

Depois do Primeiro-Ministro ter regressado de quinze dias de férias no Quénia é que o Presidente da República se lembrou de vir a público dizer o que pensa sobre os incêndios que deflagram por este Portugal fora...
Sampaio veio com a conversa do costume: que é necessário apoiar os bombeiros, que urge ser-se solidário, que interessa prevenir, que é importante saber as causas dos fogos florestais e que é imprescindível planear... Nada de novidades. Nem sequer teve coragem de repreeender o chefe do Governo pela prova de desprezo que demonstrou ter com o povo português ao não querer encurtar as suas férias...
Quanto ao planeamento de que deve ser alvo a floresta portuguesa, falar é fácil. O pior é concretizá-la. Eu bem percebo a ideia do caro Congeminações, mas será que um dos problemas do sector florestal, entre muitos outros, não é precisamente a excessiva mania de planear que existe em Portugal? É que, não tenhamos dúvidas: o processo de planeamento é importante, mas quando temos planos que se contradizem entre si, o resultado não pode ser muito benéfico.
Ora vejamos: são os Planos Regionais de Ordenamento do Território, os Planos Regionais de Ordenamento Florestal, os Planos de Defesa da Floresta contra Incêndios, os Planos de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa, os Planos Municipais de Intervenção na Floresta, os Planos Directores Municipais, os Planos Intermunicipais de Intervenção na Floresta, os Planos Zonais das Áreas Protegidas, os Planos Orientadores de Prevenção, entre muitos mais planos... Com tantos planos, a sobreposição e a contradição é mais do que inevitável.
Não seria melhor intervir à escala municipal? Para quando uma verdadeira política de defesa do municipalismo, onde as Câmaras Municipais possam ter competência e meios suficientes para intervir junto dos proprietários florestais e das comunidades locais na defesa da floresta? E, já agora, que a fiscalização seja levada a séria, tanto para as autarquias, como para o proprietário florestal. Entretanto, a floresta portuguesa continua a arder...

sexta-feira, agosto 19, 2005

Entregues à bicharada...

Hoje assisti à apresentação de um novo concurso que a SIC vai emitir a partir de Setembro. Já não bastava termos que aturar com as desgraças que a SIC e a TVI têm vindo a apostar nos últimos tempos no horário nobre da televisão portuguesa, como agora vamos ter que levar com a versão Castelo-Branco na SIC! Este novo lixo televisivo irá chamar-se "Esquadrão G", provavelmente por ser apresentado por cinco gays e parece ter como objectivo transformar labregos em metrossexuais... Mais uma miséria que, às tantas, até vai para o ar depois do noticiário da noite. Enfim, uma desgraça...
Claro que este tipo de programas só os vê quem quer, mas não seria lógico que o Instituto da Comunicação Social tivesse uma intervenção mais activa, no sentido de exigir às empresas televisivas um pouco mais de credibilidade e de preocupações a nível social? É que, se o Estado concedeu licenças televisivas à SIC e à TVI para emitirem em canal aberto, então estas não deveriam ter apenas a missão de encher os seus cofres de lucro, devendo também cumprir o seu papel de intervenientes a sociedade. Não é voltar aos tempos do lápis azul da censura, mas sim perceber que a formação e a educação dos nossos jovens não se concretiza só na Escola, mas também em casa e que, infelizmente, a televisão, a par da Internet, é cada vez mais a companhia da nossa juventude...
Neste sentido, há que elogiar a forma como a RTP tem "ignorado" a guerra das audiências e cumprido o seu compromisso de serviço público. Pena é que canais como a RTP Memória ou a SIC Notícias ainda não estejam à disposição da maioria da população portuguesa e que muitos dos seus programas não sejam emitidos pela RTP1 e SIC.
Agora, com a nova abjecção da SIC que aí vem, qual será a estratégia da TVI? Cavar ainda mais no fundo da podridão televisiva?

quarta-feira, agosto 17, 2005

Na procura da imagem mais dantesca...

As televisões portuguesas, nomeadamente a SIC e a TVI, parecem ter aproveitado a silly season estival para, mais uma vez, competirem na procura das imagens mais aterradoras dos incêndios florestais que grassam por este nosso Portugal. Imagine-se que a própria SIC chegou a introduzir nos seus noticiários uma rubrica, a que chama "Jornalismo do Cidadão", onde se pede ao telespectador da SIC que envie um mail com a imagem mais aterradora de um fogo florestal, qual espécie de concurso a roçar o absurdo e a irresponsabilidade...
Será que as entidades governamentais não podem fazer nada, no sentido de evitar esta instrumentalização dos fogos florestais por parte de alguns órgãos de comunicação social, nomeadamente, das televisões? É que não me admiro nada que este tipo de incentivo à caça do fogo mais espectacular leve gente menos astuta e instruída a provocar incêndios para que a sua terrinha apareça na televisão ou para conseguir uma fotografia "espectacular" e ver o seu nome aparecer no noticiário da SIC como o autor da foto de um qualquer fogo florestal!!!
Será que não há maneira de parar com este vergonhoso aproveitamento da desgraça alheia?
Entretanto, enquanto uma parte substancial do País arde, já lá vão quase duas semanas sem que ninguém ouça o que o Primeiro-Ministro tem a dizer sobre o que por cá se passa. É que lá pelo Quénia, as informações devem demorar a chegar ou então a preocupação de Sócrates é tão pouca que nada o demove de passar férias longe de Portugal... Uma vergonha!

sábado, agosto 06, 2005

Soares e Cavaco: diferenças mais que óbvias...

Partindo do princípio de que Mário Soares e Cavaco Silva serão os principais (e talvez únicos!) candidatos ao cargo de Presidente da República interessa, desde já, e antes que ambos assumam as respectivas candidaturas, inventariar algumas das diferenças existentes entre estas duas personalidades da política portuguesa:
1. Na postura: Soares não tem sabido ser discreto e tem optado pela exposição mediática das suas acções de "audição" e "auscultação", enquanto que Cavaco tem assumido que a sua possível candidatura apenas será comunicada ao País depois das eleições autárquicas, o que demonstra carácter e respeito pelo povo português;
2. Na integridade: Soares anda há menos de um ano afirmava que "nem numa situação-limite seria candidato (...) seria uma loucura", enquanto que Cavaco nunca escondeu a possibilidade de voltar a apresentar uma candidatura ao cargo de PR, o que demonstra que Soares faltou à verdade, enquanto que Cavaco tem no respeito pela verdade uma das suas principais qualidades;
3. Na necessidade do equilíbrio do poder: Soares apresenta-se como fundador do PS, o que implica que nada fará para colocar em risco o Governo de Sócrates, pelo que a sua capacidade de intervenção e independência face ao Governo fica posta em causa, enquanto que Cavaco é reconhecidamente um perito a nível económico-financeiro, o que implica que terá uma maior capacidade de intervenção nas decisões menos acertadas deste Governo;
4. Na forma de estar: Soares vive dos holofotes e da exposição pública, sendo bem conhecido o seu gosto de viajar pelo mundo fora, o que dá a ideia de querer servir-se do cargo de PR para interesses meramente pessoais, enquanto que Cavaco se apresenta como uma personalidade bem mais discreta, sóbria, estudiosa e conhecedora dos reais problemas do País, o que demonstra que os interesses de Portugal estão bem acima dos interesses pessoais;
5. Na lucidez: independentemente da idade de Soares todos recordamos as vezes em que Soares foi "apanhado" a dormir em colóquios e conferências, para além das suas gaffes, como aquela em que confundiu milhares com milhões de euros, enquanto que a Cavaco se reconhece a sua capacidade para durante cinco anos representar condignamente a República Portuguesa.
Estas são apenas algumas das diferenças existentes entre Soares e Cavaco que me levam a pensar que só no caso de termos um povo muito distraído é que Cavaco não será eleito o próximo Presidente da República...

quarta-feira, agosto 03, 2005

"Seria uma loucura", dizia ele...

Há menos de um ano, Mário Soares, a propósito de uma possível candidatura a Belém afirmava o seguinte: "Nem numa situação-limite seria candidato. A política tem de se renovar. Seria uma loucura. Sou uma pessoa que teve um papel na política portuguesa. Mas hoje já não tem".
Que comentários merece uma pessoa que ainda há alguns meses colocava completamente de lado a possibilidade de avançar com uma candidatura à Presidência da República e que, por estes dias, anda, segundo o próprio, a "auscultar e a ouvir o que alguns sectores da sociedade portuguesa têm a dizer sobre o assunto de que se fala"? Sim, porque, nem o próprio Soares consegue ser frontal e dizer se tem ou não vontade de ser Presidente da República! Cada vez mais me parece que ainda há quem julgue que a política é como um brinquedo que se joga quando apetece e se deita fora quando se está farto...
Alegre tem razões mais do que suficientes para estar desiludido com o seu camarada Soares e, agora, mais do que nunca tem razões para apresentar a sua candidatura a Belém, porque nunca omitiu a sua vontade e porque este é um cargo que deve ter contornos de autonomia e independência e não, como fez Soares, com interesses de cariz partidário...
Quanto a Cavaco, que não anda a reboque do PSD, tem agora razões de sobra para ficar mais descansado com a hipótese Soares. É que se ao princípio esta hipótese o poderia preocupar, a forma como a mesma foi desencadeada apenas beneficia a postura íntegra e honesta de Cavaco...

sábado, julho 30, 2005

Que tipo de universidades queremos?

Há uns dias atrás foi dado a conhecer pelo jornal Público (qual haveria de ser!) alguns dos resultados de um estudo realizado por um docente universitário sobre a investigação científica que é feita nas universidades portuguesas.
Primeiro que tudo, dois breves apontamentos. Por um lado, há que elogiar o facto de, mais uma vez, ser o jornal Público a informar os portugueses deste tipo de resultados, uma vez que parece que vivemos num tempo em que se fala muito de estudos, mas vê-los é que nada... Olhe-se para o caso dos ditos estudos sobre o TGV e o aeroporto da OTA de que o Governo tanto fala, mas que ninguém sabe onde é que páram!
Em segundo lugar, há que reconhecer a pertinência deste tipo de análises reveladas pelo Público que servem para reflectir um pouco sobre o que queremos, realmente, do ensino superior público português.
Relativamente ao referido estudo, que dá conta do número de artigos publicados em revistas científicas internacionais, a Universidade de Aveiro aparece destacada como aquela onde a produção e investigação científicas são mais notórias, fruto do resultado obtido de 1,5 artigos publicados, anualmente, por cada docente de carreira. Seguem-se as Universidades do Algarve, do Porto e Técnica de Lisboa com 0,8 artigos publicados por docente. As restantes universidades aparecem com valores inferiores a 0,7 artigos.
Ora, apesar deste estudo ter a mais-valia de alertar as entidades competentes para este assunto e dar conta do reduzido peso que a investigação ainda tem no nosso ensino superior, penso que é um erro reduzir a investigação científica a um mera contabilização de artigos publicados, ignorando outros factores importantes nessa análise, tais como a cooperação universidade-empresa e a realização de estudos a nível local e regional, entre outros. Claro que a publicação de artigos em revistas internacionais é um elemento importante e, nesse aspecto, há que elogiar a Universidade de Aveiro, mas não deve ser esquecida toda a componente prática que uma instituição de ensino superior revela quando apoia as empresas da sua região, fomenta a investigação ligada à indústria, coopera com as autarquias na consolidação de projectos locais, promove a incubação de empresas, etc.
Esperemos que os resultados deste estudo não fiquem na gaveta e sirvam, pelo menos, para aumentar o rigor com que as universidades devem ser avaliadas, por forma a termos universidades não só voltadas para o ensino, mas, cada vez mais, com ligações à investigação e ao desenvolvimento regional.

terça-feira, julho 26, 2005

Nuclear??? Com tanto sol e vento...

Há umas semanas atrás um qualquer empresário deste País que se deve julgar um "expert" em matéria de energia afirmou que a única saída de Portugal para superar a nossa dependência energética face ao exterior seria o de promover a construção de, pelo menos, uma central nuclear. Dizia esse senhor que as vantagens superavam em muito os possíveis riscos inerentes à existência de uma central nuclear, embora, segundo o próprio, esta opção fosse completamente segura e imune a qualquer tipo de acidente.
A conclusão que podemos retirar é que ainda há quem não se tivesse apercebido que Portugal é um dos países com mais potencialidades ao nível das energias solar e eólica, para além da própria energia das ondas e marés e da proveniente das barragens.
Se é uma evidência mais do que clara que devemos investir neste tipo de energias renováveis (apesar do esforço deste Governo, a aposta deveria e poderia ser ainda maior), também se sabe que um dos graves problemas do nosso País prende-se com a dependência total do exterior face ao petróleo, um dos factores responsáveis pelo crónico défice comercial de Portugal. A solução para este problema, enquanto os automóveis e camiões não funcionarem a hidrogénio (talvez daqui a 50 anos...) passaria pelo nosso País conseguir ter influência junto de algumas das nossas antigas colónias que possuem este recurso energético, casos de Timor-Leste ou de Angola. Mas nada! Também neste aspecto deixámo-nos ficar para trás e continuamos sem conseguir termos influência logística junto dos nossos parceiros da CPLP...
Ironicamente, por cá, prevê-se que o investimento em energia eólica, na sua maioria de origem privada, seja de 900 milhões de Euros, menos de metade do que o Governo se prepara para esbanjar em dois projectos alucinantes (o TGV e o novo aeroporto da Ota) que não trazem qualquer contrapartida benéfica a Portugal e, mais, apenas irão beneficiar a economia espanhola...

domingo, julho 24, 2005

Reféns da Ota e do TGV...

Depois de dez anos de Governos de Cavaco Silva dominados pela construção de rodovias, de escolas, de hospitais, de tribunais, enfim, de todo um conjunto de infra-estruturas básicas de que Portugal carecia, seguiram-se seis anos de Guterres em que o que parece ter ficado pouco mais foi que o "investimento" em estádios de futebol e numa novidade chamada "rendimento mínimo garantido" que, na verdade, se transformou numa espécie de subsídio à inactividade e à preguiça. Os Governos seguintes de coligação PSD-PP trataram de se preocupar apenas com a reforma da legislação laboral e com a redução do défice orçamental deixado pelos seus antecessores, numa altura em que o incumprimento das regras comunitárias a este respeito pressupunha a perda de fundos comunitários...
Chegados ao novo Governo PS, chefiado por Sócrates, o que temos? Pois bem, a velha máxima socialista de piscar o olho aos lobbies instalados, neste momento dominados pelas grandes empresas de construção civil que vêem as próximas eleições autárquicas como uma possibilidade de financiarem muitos dos autarcas deste País e, assim, receberem as benesses do Executivo socialista. Deste modo, temos o abandono do conceito gasto do "choque tecnológico" com que Sócrates enganou o eleitorado e passamos à estratégia dos investimentos no betão e no ferro, ou seja, num novo aeroporto a 50 Kms de Lisboa e numa estrutura ferroviária do tipo TGV que apenas servirá para "meia dúzia de executivos" irem a Madrid tratar de negócios. Isto num País que nem sequer tem uma condigna rede ferroviária nacional que ligue, através de Intercidades, as principais urbes de Portugal continental. Quanto ao aeroporto da Ota, será que Sócrates pensa que irá convencer os turistas estrangeiros a aterrarem na Ota quando pretenderem passar férias em Espanha? Está muito enganado...
Importante e urgente seria, efectivamente, investir no capital humano, ou seja, qualificar de forma séria e rigorosa (e não como tem acontecido com muitos cursos de formação que por aí abundam para alguns ganharem muito sem fazerem nada...) a nossa mão-de-obra, ao mesmo tempo que se deveria apostar em dois ou três clusters específicos da nossa estrutura económica (têxteis e vestuário, moldes e vidros), com vista à exportação e, assim, potenciar a entrada de mais valias em Portugal.
Enquanto insistirmos em gastar recursos que não têm retorno e não investirmos a sério na educação, formação e inovação, continuaremos a ver passar-nos à frente os (poucos que restam) nossos parceiros comunitários...

quinta-feira, julho 21, 2005

Se não fosse um assunto tão sério daria vontade de rir...

O Governo de Sócrates teve a sua primeira grande baixa. E, logo, do Ministro que serviu de "porta estandarte" aquando da formação deste Executivo. Ou será que já se esqueceram que Campos e Cunha foi, sem dúvida, a grande surpresa pela positiva de Sócrates, com o intuito de fazer lançar para a opinião pública a ideia que este seria um Governo diferente dos anteriores, com mais personalidades independentes e técnicamente mais habilitadas...
Pois bem, aquele que foi apresentado há quatro meses como um rigoroso e conceituado catedrático de Economia que iria colocar as contas públicas na ordem, desde cedo se começou a revelar como alguém que pensava pela sua cabeça e que não estava no Governo para fazer fretes ao PS. A corda esticou e o Ministro foi obrigado a pedir a sua demissão, vindo agora com a justificação esfarrapada do cansaço e das questões familiares. Ora, então ainda há cinco dias, Campos e Cunha concedeu uma entrevista ao Público, assumindo compromissos para o próximo ano e agora já está cansado. Acredite quem quiser...
Daqui a uns meses lá virá Campos e Cunha contar a verdade sobre este assunto, dando conta dos "podres" existentes no interior deste Governo. A continuar assim, o próximo a seguir-lhe os passos será Freitas do Amaral, quando este constatar que o PS não o irá apoiar para se candidatar às Presidências.
Entretanto, a tralha guterrista volta ao Governo. Desta feita, alguém que durante o último Governo de Guterres também teve responsabilidades no descalabro em que foram deixadas as contas públicas... Cada vez mais se nota que Sócrates está a ser completamente "trucidado" pelo aparelho socialista: agora voltamos à teoria do betão, com os mais que "gastos" TGV e OTA...

segunda-feira, julho 11, 2005

Perdoar dívidas não é solução! E a democracia?

Este último fim-se-semana fica marcado por mais uma barbaridade cometida por uma cambada de estupores que nutrem um ódio implacável contra os valores democráticos e que se servem de justificações estéreis em redor da defesa do Alcorão para matarem inocentes e incendiarem o medo pelos países mais ricos do mundo. Pena é que aqueles que se unem em torno de organizações anti-globalização não percebam que as suas manifestações de pressão contra os EUA só dão mais força a estes terroristas canibalescos...
Ironicamente, ou nem tanto, realizou-se na Escócia mais uma reunião dos oito países mais poderosos do mundo, cujas decisões finais resultaram num aumento da ajuda financeira a África em mais de 50 mil milhões de euros e na anulação da dívida externa dos países africanos mais pobres.
Pois bem, será que alguém já se deu conta que os países africanos mais endividados são a Nigéria, o Egipto, a Argélia e Marrocos, que em conjunto têm uma dívida de mais de 100 mil milhões de dólares? E o que dizer destes países? São governados por gente séria? Elogiam a democracia e a paz? Não têm recursos naturais que possam trazer benefícios às suas populações? Apostam na educação e no desenvolvimento? Enfim, bastará um pouco de cultura geral para responder de forma correcta a estas questões...
Para quando uma política séria que relacione o desenvolvimento africano com dois postulados: a democracia e a paz? É que, por mais que se perdoem dívidas e se injecte dinheiro nestes países, (des)governados por gente corrupta que se instala no poder à custa do desvio das riquezas dos seus povos e do fomento da guerra, não se conseguirá alcançar o desenvolvimento sério de um continente onde a democracia está a milhas de distância de ser concretizada.
Quanto a concertos de grupos musicais que dizem querer fomentar a paz em África, apenas direi que na passada semana as vendas da indústria discográfica aumentaram a olhos vistos...

quinta-feira, julho 07, 2005

Uma Espanha muito estranha...

Há poucos dias foi aprovada, no nosso país vizinho, uma lei que concede aos homossexuais a possibilidade de contraírem matrimónio e adoptarem crianças. Por cá, apesar de toda a pressão exercida pelos grupos que se auto-intitulam defensores dos direitos dos gays, ainda não se vislumbram quaisquer sintomas de que nos deixemos afectar por "modas" que contrariam o bom senso e o respeito pelos valores civilizacionais. Por cá, a maioria do povo português ainda preza o direito à vida, o respeito pela família e a procriação e a defesa dos mais indefesos...
O que mais me surpreendeu nesta "hecatombe" espanhola foi a forma pouco consensual e deveras arrogante como o Governo de Zapatero avançou para uma medida que "destrói" um valor que dura há centenas de anos, banalizando por completo o conceito de família. Zapatero esquece-se que, tal como agora, se socorreu de uma maioria parlamentar para mudar uma lei fundamental, também um próximo Governo do centro-direita que detenha maioria parlamentar facilmente fará voltar esta questão ao seu ponto inicial e do qual nunca deveria ter saído. É que Zapatero nem sequer colocou a hipótese de uma consulta ao povo espanhol, por meio de referendo. Esta atitude do Governo espanhol roça a teimosia, ignorando por completo, a opinião da Igreja Católica e de milhões de espanhóis que deveriam ter sido chamados a pronunciar-se sobre um tema que tem que ver com a defesa da família e os direitos de crianças órfãs, às quais devem ser concedidas um pai e uma mãe.
Alguns amigos meus, meio a brincar, meio a sério, costumavam dizer-me que, se fossemos espanhóis, viveríamos muito melhor. Agora, já colocam um ponto de interrogação nessa possibilidade. É que, mais vale viver num Portugal um pouco menos rico, mas de cara lavada e com orgulho na defesa dos valores da família e das crianças desprotegidas, do que numa Espanha, que na ânsia de "copiar" alguns países menos conservadores, se deixa levar pelo imediatismo de grupos que só pensam nos seus direitos, esquecendo-se que, numa sociedade, contam todos...

quinta-feira, junho 30, 2005

As asneiras de um Estado de mãos largas...

Por estes dias não se fala noutra coisa: impostos, reformas, direitos, privilégios, greves, manifestações... Apesar do Governo tentar colocar água na fervura e desviar as atenções, seja com o recurso ao relançamento do referendo ao aborto, seja com o silêncio ao nível governamental, este período não parece ser de rosas para Sócrates.
Depois dos sindicatos se terem auto-silenciado durante a campanha eleitoral, aparecem agora cheios de força e vontade em abalar com as estruturas sociais deste País. Tudo porque, provavelmente, pensavam que o Governo de Sócrates iria ter uma acção muito diferente da do anterior Governo PSD-PP em termos de revisão de muitos dos direitos que os funcionários públicos possuem actualmente e que urge serem alterados, caso se queira ter um Estado de cariz social com o mínimo de sustentabilidade a médio-longo prazo.
Depois de nos anos 80 e 90, em particular com os Governos de Cavaco Silva, terem sido criados uma série de benefícios de cariz social em favor dos funcionários públicos, desde o sistema da ADSE até à proliferação de subsídios "disto e daquilo" e reformas antecipadas, entre muitas outras regalias, chegou a hora da verdade: o Estado não tem capacidade para cumprir os compromissos que assumiu há cerca de vinte anos atrás...
Sinceramente, sou da opinião que não restava a Sócrates tomar outra solução do que assumir publicamente a necessidade de continuar a política de contenção da despesa pública que o anterior Governo iniciou através da implementação das mudanças no código laboral e do aumento da idade da reforma. Agora há que continuar com a revisão de muitos dos privilégios que os funcionários públicos detêm em comparação com os trabalhadores do sector privado. E, depois da asneira do aumento do IVA, não ter medo de acabar com as SCUT`s!
Quer se concorde ou não, a verdade é que o Estado português não tem capacidade para continuar a ter uma Função Pública com quase 1 milhão de trabalhadores (ninguém sabe o número ao certo, mas se tivermos em conta a acumulação de cargos, o número não andará longe deste...) que apresentam um reduzido índice de produtividade e cujos direitos sociais têm vindo a aumentar sucessivamente desde 1974.
Há que dar um murro na mesa! Pena é que Sócrates tenha agora que se sujeitar a ser apelidado de mentiroso por esses milhares de trabalhadores que andam nas ruas a protestar, desde professores e polícias até enfermeiros e militares...
Mais valia termos um Governo de maioria relativa, mas de consciência limpa, do que um Governo com maioria absoluta, mas de cara envergonhada...