quarta-feira, maio 11, 2005

A solução não passa por despenalizar...

A política assumida por este novo Governo em relação a determinados problemas sociais como o consumo de drogas ou a prática do aborto parece ser a da tolerância exacerbada, a roçar a complacência e a inércia. Ora, um Estado que se quer frontal e responsabilizador na tomada de posições que visem a consciencialização da opinião pública, assim como a defesa e promoção de um estilo de vida mais sustentável e equilibrado, não se deve assumir como o elo mais fraco no que toca à resolução de questões sociais que requerem por parte da população mais jovem a assunção de comportamentos saudáveis e moralmente correctos.
Nos últimos tempos temos assistido a diversas tomadas de posição por parte de elementos deste Governo que parecem estar de acordo com o paradigma liberalizador de alguma esquerda mais retrógrada que defende um Estado menos activo na condenação de comportamentos, no mínimo, duvidosos, quando se deveria preocupar em promover uma sociedade mais equilibrada, reguladora e saudável.
Não condenar o consumo de drogas, por menos duras que elas sejam, é o mesmo que assumir a existência de um Estado fraco que não é pessoa de bem e que prefere ignorar a existência de um problema social, que deve ser combatido por duas vias: a da promoção de comportamentos saudáveis e a do combate ao consumo e tráfico de drogas. Ora, condenar o tráfico, deixando escapar o consumo, é não perceber que se está a passar uma mensagem de liberalização das drogas que terá reflexos preocupantes nas gerações futuras. Por outro lado, o contrário de repressão não tem que ser necessariamente o desleixo. Ora, deixar de penalizar o consumo de drogas demonstra uma atitude de medo para com este problema social, quando o Estado deve ser a última entidade a ter receios de combater eficazmente este tipo de problemas sociais.
Mas, esta atitude de mãos abertas para com comportamentos problemáticos não se fica por aqui. Também no que à prática do aborto diz respeito a ideia em vigor neste Governo é a da despenalização, como que "tirar" a vida a um ser indefeso de dez semanas fosse, em qualquer circunstâncias, uma atitude compreensível e socialmente aceite. Ora, como tudo na vida, cada caso é um caso e nada justifica que se generalizem situações que são díspares. Todos sabemos que não são apenas razões de pobreza ou de marginaliade que levam à interrupção voluntária da gravidez, pelo que um Estado que se quer promotor de ideais responsabilizadores e civilizacionais não se deve "vergar" às teorias do facilitismo e da desresponsabilização.