segunda-feira, maio 02, 2005

Uma geração que nem rasca consegue ser...

Há cerca de uma década atrás, o jornalista Vicente Jorge Silva lembrou-se de apelidar a geração jovem de então de "rasca", sem que lhe passasse pela cabeça que esse seria um dos adjectivos que iria identificar para muitos aqueles que agora estão a caminho dos trinta anos. Foi o tempo das manifestações anti-PGA`s e anti-propinas com que o Governo de Cavaco Silva teve que se confrontar...
Passados pouco mais de dez anos, retorna ao debate público, depois do fiasco guterrista da paixão pela Educação, a prioridade pelo sistema de ensino e por uma juventude que, grosso modo, vê a escola como uma "seca", ideia esta que é corroborada por muitos pais que consideram o estabelecimento de ensino como o "depósito" dos seus filhos e os professores como os "guardas de ama" dos meninos.
Aliás, por "dádiva" da política socialista dos anos 90, cada vez mais se sente a Escola como o local onde os alunos devem apreender apenas competências, descurando-se a aquisição de conhecimentos. De disciplinas nobres, optou-se pelo investimento em áreas curriculares onde os alunos se divertem com jogos e fichas de trabalho, desprezando a aquisição de conteúdos básicos de Português, Matemática, Inglês, História ou Geografia.
Agora, Sócrates e o seu Governo dizem-se preocupados com a iliteracia dos alunos portugueses e voltam a insistir no chamado "estudo acompanhado" que, de estudo, tem muito pouco... Velhos são já os tempos em que os professores estavam na Escola para ensinar e não para "distrair" os alunos.
Vejam-se os casos da Finlândia ou da Coreia do Sul, com reduzidas taxas de iliteracia, onde os alunos vão para a Escola para aprenderem e cujos pais são responsabilizados pela postura dos seus filhos. Por cá, toda a legislação defende o aluno que não se interessa pelo estudo ou que apresenta uma má conduta. E, ainda se pretende, neste panorama, alargar o ensino obrigatório até aos 18 anos!
Para quando a introdução de legislação que responsabilize os pais pelos actos dos seus filhos, como por exemplo, a retirada do abono de família em caso de completo desprezo pela escola? Mas, mais questões se podem formular... Para quando a avaliação aos professores, quando todos sabemos que há quem tire uma licenciatura na área do ensino sem qualquer tipo de apetência para o ensino ou com uma grande falta de conhecimento científico (vejam-se os casos de algumas das universidades privadas ou ESE`s)? Para quando a aplicação da velha máxima "poucas disciplinas para uma eficaz aprendizagem", deixando de lado a existência de quase quinze disciplinas em que se tenta ensinar tudo, com fracos resultados? Para quando a adopção de exames nacionais no final de cada ciclo a todas as disciplinas, com questões básicas, mas de forma a responsabilizar alunos e professores?
Enfim, com medidas que beneficiam a pedagogia do facilitismo, ignorando o rigor e a exigência, a actual juventude correrá o risco de vir a ser apelidada de geração perdida...

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