domingo, julho 24, 2005

Reféns da Ota e do TGV...

Depois de dez anos de Governos de Cavaco Silva dominados pela construção de rodovias, de escolas, de hospitais, de tribunais, enfim, de todo um conjunto de infra-estruturas básicas de que Portugal carecia, seguiram-se seis anos de Guterres em que o que parece ter ficado pouco mais foi que o "investimento" em estádios de futebol e numa novidade chamada "rendimento mínimo garantido" que, na verdade, se transformou numa espécie de subsídio à inactividade e à preguiça. Os Governos seguintes de coligação PSD-PP trataram de se preocupar apenas com a reforma da legislação laboral e com a redução do défice orçamental deixado pelos seus antecessores, numa altura em que o incumprimento das regras comunitárias a este respeito pressupunha a perda de fundos comunitários...
Chegados ao novo Governo PS, chefiado por Sócrates, o que temos? Pois bem, a velha máxima socialista de piscar o olho aos lobbies instalados, neste momento dominados pelas grandes empresas de construção civil que vêem as próximas eleições autárquicas como uma possibilidade de financiarem muitos dos autarcas deste País e, assim, receberem as benesses do Executivo socialista. Deste modo, temos o abandono do conceito gasto do "choque tecnológico" com que Sócrates enganou o eleitorado e passamos à estratégia dos investimentos no betão e no ferro, ou seja, num novo aeroporto a 50 Kms de Lisboa e numa estrutura ferroviária do tipo TGV que apenas servirá para "meia dúzia de executivos" irem a Madrid tratar de negócios. Isto num País que nem sequer tem uma condigna rede ferroviária nacional que ligue, através de Intercidades, as principais urbes de Portugal continental. Quanto ao aeroporto da Ota, será que Sócrates pensa que irá convencer os turistas estrangeiros a aterrarem na Ota quando pretenderem passar férias em Espanha? Está muito enganado...
Importante e urgente seria, efectivamente, investir no capital humano, ou seja, qualificar de forma séria e rigorosa (e não como tem acontecido com muitos cursos de formação que por aí abundam para alguns ganharem muito sem fazerem nada...) a nossa mão-de-obra, ao mesmo tempo que se deveria apostar em dois ou três clusters específicos da nossa estrutura económica (têxteis e vestuário, moldes e vidros), com vista à exportação e, assim, potenciar a entrada de mais valias em Portugal.
Enquanto insistirmos em gastar recursos que não têm retorno e não investirmos a sério na educação, formação e inovação, continuaremos a ver passar-nos à frente os (poucos que restam) nossos parceiros comunitários...

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