sexta-feira, dezembro 21, 2012

Governar é saber decidir com ponderação e no interesse geral

Depois da comunicação social em geral ter dado a ideia de que a venda da TAP ao milionário Germain Efromovich já estava decidida antes de o (não) ser, foi com admiração que no último Conselho de Ministros se ficou a saber que o negócio  não havia sido concretizado.
De seguida, assistiu-se à cena do costume: os opositores do Governo a congratularem-se com este volte-face e a afirmarem que o Governo voltou atrás porque não sabe o que quer.
Pois a mim parece-me perfeitamente normal que o Governo tenha decidido como decidiu, tendo por base a defesa dos interesses do país. Se as garantias financeiras da operação não tinham sido efectivadas, então só havia que não avançar com a privatização da TAP, por forma a defender os interesses do país. Mas, há quem não veja assim as coisas e prefira a lógica da politiquice, da intriga e do desgaste...
Cada Governo tem o seu estilo político de acção. E até podemos fazer uma breve retrospectiva sobre os estilos de acção dos últimos Governos.
O de Cavaco, num tempo de "vacas gordas", resumia-se ao estilo "quero, posso e mando", muito parecido ao de Sócrates, mas num contexto temporal diferente: enquanto que no tempo de Cavaco havia dinheiro fresco (a entrada de Portugal na CEE levou à entrada de muitos fundos comunitários) e a necessidade de se avançarem com muitas obras (nomeadamente em termos de estradas, saneamento básico, escolas, hospitais...), no de Sócrates imperou a lógica do "faz de conta", com obras desnecessárias e um estilo ilusório, bem evidente em muitos flops, como o Plano Tecnológico, inúmeras auto-estradas, o aeroporto de Beja, entre muitas outras obras sem lógica alguma. 
Sócrates nunca foi de voltar atrás com as suas ideias, mesmo quando lhe faziam ver que a sua acção governativa apenas levaria o país a despesas desnecessárias. Ferreira Leite bem avisou o país que estávamos a caminhar para a bancarrota, mas poucos lhe ligaram... Repare-se que ainda hoje os seguidores de Sócrates (o caso de Ana Paula Vitorino) defendem o TGV, as PPP`s, um novo aeroporto para Lisboa...
Guterres foi um "pau mandado", tendo-se deixado enganar por tudo (o caso dos submarinos é mais que evidente) e por todos (era Sócrates que mandava no seu Governo). Teve o bom senso de recentemente admitir que também ele contribuiu para a crise que atravessamos (coisa que Sócrates ainda não foi capaz de fazer).
Durão Barroso demonstrou ter um estilo cauteloso, não criando muitas ondas e tentanto agradar a todos. Não fez, nem desfez grande coisa e foi cauteloso, pois já na altura era bem visível o "monstro" em que o Estado se tinha tornado... 
Santana Lopes foi o campeão da "governação à vista", com muitas ideias, mas com um obstáculo inultrapassável: Jorge Sampaio.
E o que dizer do estilo deste Governo? Há quem o apelide de irregular, inconstante, cheio de recuos e sem rumo. Pois eu prefiro chamar-lhe de estilo ponderado, em que se avançam com propostas e só depois a sua concretização ou não. É um estilo que parece de avanços e recuos, mas com um objectivo claro: reformar o país. E se repararmos bem este Governo não tem tomado medidas sem antes se discutir o seu alcance. Nunca antes houve tanto debate na praça pública sobre as propostas emanadas do Governo. É um estilo semelhante ao de Santana Lopes, em que abundam as ideias, mas só se concretizam depois de analisar os prós e contras e as alternativas possíveis. Os casos da TSU e da TAP são paradigmáticos deste estilo: não há ideias fechadas! Mas, no final, há decisão! Há quem lhe chame o estilo do "zigue zague"; eu penso que é um estilo ponderado, que se concretiza na ideia clara de devolver a Portugal a sua autonomia financeira e retirá-lo do buraco em que outros o colocaram. E, atente-se que pela primeira vez na História de Portugal vivemos uma situação explosiva do ponto de vista demográfico completamente nova: o predomínio de uma população crescentemente envelhecida que obriga a que se reforme, por completo, o Estado Social que temos. Tarefa hercúlea!!!

Aproveito para desejar a todos os que aqui vêm dar uma espreitadela votos de um Feliz Natal vivido num espírito de verdadeira fraternidade

8 comentários:

Afonso disse...

A conversa do costume. O PSD governa bem e o PS governa mal. Isso é que é ser imparcial!
Mesmo assim desejo-lhe um Santo Natal e votos de que em 2013 consiga ver o país para além do seu partido.

Anónimo disse...

LOL.
Basta ler o titulo desta postagem para não ter vontade de ler o resto. Você só vê para um dos lados. Não há nada a fazer.
Pode ser que o novo ano lhe faça bem

Tiago Fiadeiro disse...

Há dois tipos de governos. Os que governam a pensar nas eleições seguintes e os que governam a pensar no país.
Nós bem sabemos a que tipo de governo pertence o actual, para o bem e para o mal.
Um bom Natal.

António disse...

Faz greve da política e passa um bom Natal.

Júlio disse...

Pedro, esperemos que o novo ano seja de verdadeira esperança em dias melhores e que, para além de esperança, seja de reais concretizações.
Um abraço e um feliz Natal

Varandas disse...

Embora atrasados ainda vão a tempo. Votos de um dia de Natal em grande e um 2013 a passar depressa.

Anónimo disse...

Um artigo divertido para acabar o ano. Só pode ser. Dizer que este governo é ponderado e que se preocupa com todos é das coisas mais divertidas que já vi escritas nos últimos tempos. Obrigado pela gargalhada.

daniel tecelão disse...

Com o Relvas misturado no negócio,cheirava a golpe,não fosse o clamor que se gerou,e a TAP tinha sido vendida,a falta de garantias é desculpa de lana caprina!!!