terça-feira, abril 22, 2014

Recordar o 25 de Abril...

Nas últimas semanas têm sido muitas as conferências, colóquios e reportagens jornalísticas a relembrar o 25 de Abril de 1974. A conversa é sempre a mesma: a conquista da liberdade. O problema é que as verdadeiras razões que estiveram na origem do eclodir da revolução são, propositadamente, ignoradas por muitos daqueles que tentam "resgatar" o 25 de Abril para si próprios. Entre estas personagens que pensam ter sido os pais da democracia em Portugal figura Mário Soares, que se julga o "libertador" de Portugal... 
Convinha que as gerações mais novas fossem elucidadas do principal motivo que esteve na origem do golpe militar de Abril: o fim da guerra colonial. Claro que alguns partidos, nomeadamente o PS e o PCP, julgam-se os fundadores da democracia em Portugal, esquecendo-se que é aos militares que devemos a destituição dos precursores de Salazar no poder... E depois temos a outra parte da história que continua a ser desprezada nos manuais de História: a importância da revolta militar do 25 de novembro de 1975 que abriu portas à democracia e afastou de vez o risco de passarmos de uma ditadura de direita para uma ditadura de esquerda...
Quanto aos 40 anos que passaram desde 1974, temos, indiscutivelmente, o desenvolvimento, a democracia e a liberdade de expressão como as principais "dádivas" resultantes do fim da ditadura. Poderíamos estar melhores do que estamos? Claro que sim. Responsáveis pelo estado difícil em que nos encontramos: as políticas de desequilíbrio das contas públicas e de endividamento que temos vindo a ter desde há 40 anos, sobretudo nos últimos 15 anos. E claro que "desancar" nos políticos é demasiado simplista. O próprio povo tem culpas no cartório. Já alguém dizia: somos um povo que não se governa, nem se deixa governar. E os vícios de tantas décadas de Estado Novo continuam bem vincadas: futebol, fado (acompanhado do tintol...) e Fátima continuam a fazer do povo português um povo de brandos costumes. Para o bem e para o mal...